007 Contra Spectre é um dos filmes mais preguiçosos do ano

O capítulo que, provavelmente fecha o ciclo de Daniel Craig, deixa a desejar e muito.

007 Contra Spectre

O mais recente filme do espião James Bond chega aos cinemas sob os rumores de Daniel Craig continuar ou não protagonizado a franquia, mas independente da substituição do astro, uma coisa fica muito clara ao final de 007 Contra Spectre: é o filme mais preguiçoso do ano.

Preguiçoso, pois, o título que remete o recheio do bolo para os fãs da franquia ao longo dos anos, na verdade, caracteriza-se por uma colcha de retalhos muito maltrapilha. Não era questão de esperar doses de dramaticidade e autenticidade como visto no antecessor Skyfall, mas justamente por isso, se era para brindar aos fãs e homenagear o personagem de formas sublimes, que ao menos fosse feito com mais zelo e também respeito por quem conhece apenas a saga vivida por Craig.

Novamente dirigido por Sam Mendes, 007 Contra Spectre começa empolgante, com um belo plano-sequência (um dos muitos utilizados no filme) na Cidade do México em pleno Dia dos Mortos. Após uma cena de ação frenética, entra os créditos com a canção pouco convincente do cantor Sam Smith.

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Então começam os problemas da produção. O roteiro que procura amarrar Cassino Royale, Quantum of Solace e Skyfall, é digno de sono. Evidente que, povoado de referências e homenagens para dar e vender, qualquer fã enxerga motivos de admirar o filme com um belo sorriso estampado no rosto, mas os artifícios usados para estas mesmas homenagens serem inseridas, muitas vezes, não fazem o menor sentido. São completamente gratuitas, tirando todo o fio narrativo sério e realista visto nos seus antecessores.

Temos um Daniel Craig em tom de despedida, ou talvez cansado de seduzir e dar tiros. O ator pouco impressiona, assim como o diretor Sam Mendes, completamente perdido na sua direção muito abaixo da realizada na aventura que precede 007 Contra Spectre. A cena de luta entre o espião e o ator Dave Bautista, que faz o vilão cascudão e, que também homenageia a série de filmes, é uma confusão. Câmera nervosa, poucos closes e uma sensação artificial. Outras cenas seguiram o mesmo caminho.

007 Contra Spectre 007 Contra Spectre

Mas 007 Contra Spectre também teve pontos positivos. A atriz francesa Léa Seydoux faz uma ótima Bond Girl. Christoph Waltz, no papel de vilão, também demonstra seriedade no papel. Do restante do elenco, todos bem encaixados até onde era possível. Algumas doses de saudosismo foram bacanas e legítimas.

No fim, 007 Contra Spectre é um filme de opiniões divididas. Um longa de contrastes. O futuro é incerto para a franquia nos cinemas, mas não tardará muito devidos os bons números de bilheteria, para descobrirmos quem será o novo Bond. Renovar é preciso, mas o mais importante a ser aprendido pelos executivos da indústria é: homenagens devem ser prestadas, e não levadas ao pé da letra com o objetivo de conduzir a carruagem. Seja ela real ou não.