A Colina Escarlate não é um filme de terror, mas um poema visual

O novo de Guillermo Del Toro é mais um sopro de originalidade numa Hollywood repleta de remakes.

Não parece, mas A Colina Escarlate fora produzido com apenas R$ 70 milhões, valor considerado baixo dado os grandes lançamentos hollywoodianos, mas acima das produções independentes que transbordam por festivais afora. Ainda assim, o novo e criativo olhar do mexicano Guillermo Del Toro é mais um sopro de originalidade numa Hollywood repleta de remakes.

A incrível capacidade de Del Toro em dar vida para cenários obscuros, inundados de cores e estéticas belíssimas é sem dúvida o seu maior triunfo. O cineasta novamente percorre através da narrativa de uma produção composta de metalinguagens, a simples escolha de presentear os espectadores com algo diferente, e acerta. Usando na sua maior parte de efeitos práticos, sem a muleta constante de outras produções realizadas por computação gráfica, A Colina Escarlate é tudo que os fãs de Del Toro apreciam; singularidade, visual impecável, momentos pulsantes encobertos por metáforas. O filme é tudo, menos terror. Como também não chega a ser um “romance gótico”, bem dito nas palavras do próprio diretor, roteirista e produtor.

Nos alicerces da Mansão Sharp, os herdeiros Thomas (Tom Hiddleston) e Lucille (Jessica Chastain) atravessam o oceano Atlântico buscando recomeçar a vida nos Estados Unidos. Criadores de uma máquina revolucionária de extração, os irmãos querem encontrar investidores para tal a invenção. É nesse cenário que eles acabam conhecendo a escritora Edith Cushing (Mia Wasikowska), que convenientemente, apaixona-se por Thomas.

a colina escarlate (3) a colina escarlate de guillermo del toro

Dali por diante, o longa toma alguns ares inesperados, mas também previsíveis. Lembrando trabalhos anteriores do próprio Guillermo Del Toro, A Colina Escarlate desenrola-se por entre uma atmosfera quase lúdica, mas sem deixar a assinatura e a imaginação do cineasta presa e comedida pelos conhecidos enlaces feitos por burocráticos dos grandes estúdios.

A verdade é que dentre tantos nomes no cinema atual, o simpático mexicano é de uma preciosidade sem igual na indústria, pois a sua loucura ingênua é uma fonte de arte que vale todo e qualquer investimento. Seja por parte dos estúdios, como também dos próprios espectadores que, a cada filme, contemplarão o novo. Nada de mais do mesmo.