A melhor forma de gravar uma música, segundo Keith Richards

Existe toda uma mística por trás de cada gravação de uma música. Tão importante quanto as letras rascunhadas em papel é a timbragem do instrumento, mixagem, posição de microfones na captação, ambiência da sala, e até estado de espírito do músico no estúdio.

De um tempo pra cá, as gravações analógicas perderam um grandioso espaço para as digitais. Programas de edição de áudio profissional e o exorbitante número de canais disponíveis são os meios mais utilizados na maioria dos estúdios. Resta, ainda, a velha guarda, que gosta de captar o som da forma como ele é, ao vivo, como se fosse uma apresentação, um ensaio ou enfim, que faça parecer mais puro e menos editado.

Keith Richards é um cara que gosta dessa simplicidade. Em sua estupenda autobiografia, Vida, ele fala qual é a melhor maneira de gravar uma música dos Rolling Stones. Reproduzo abaixo a citação do genial guitarrista:

Dickinson me fez lembrar a rapidez com que fazíamos as coisas naqueles dias. Como consequência da excursão, já estávamos bem ensaiados. Mesmo assim, ele lembrou que tanto “Brown Sugar” como “Wild Horses” foram gravados em dois takes – o que jamais aconteceria mais tarde, quando eu passava quarenta ou cinquenta variações de uma música, atrás daquela faísca. O bom de gravar em oito canais era que bastava apertar o botão e ir em frente. Era o formato perfeito para os Stones. Você entra no estúdio e já sabe onde a bateria vai ficar e o som que vai produzir. Logo depois, apareceram dezesseis e mesmo 24 canais e fica todo mundo esbarrando em volta daquelas mesas enormes. Ficou muito difícil gravar. A tela ficou enorme e é muito mais difícil achar o foco. O oito canais é minha forma preferida de gravar uma banda de quatro, cinco ou seis músicos”.

Capa de Vida, autobiografia de Keith Richards

Em Vida, Keith Richards conta, de maneira crua e feroz, sua história, vivida de forma intensa. “Esta é minha vida. Eu não esqueci de nada, acredite se quiser”, diz Keith na introdução.