Aos que desenham fonemas

25 de julho, dia do escritor. Dia de fazer as honras a todos aqueles que, com coragem, colocam ou colocaram em letras uma verdade que escancara o coração. É dia de parabenizar quem escolheu expor a alma e a essência existente dentro deles. Hoje podemos também deixar nossas saudades de mestres que possuíam o dom de transformar um coração, em frases. E além da nostalgia também agradecer. Agradecer pelo legado, pelo histórico de textos e livros incríveis que muitos deixaram pra nós. Agradecer pela oportunidade de conhecer e adentrar de maneira tão profunda e bonita no mundo da literatura, no mundo pessoal de quem escreve, no mundo onde a vida real não é necessariamente original.

No dia do escritor merecem as palmas calorosas aqueles que, sem pudor, vociferam as suas opiniões, as suas percepções de um mundo tão plural e ao mesmo tempo tão individualista. Merece os parabéns aquele que escolheu viver em ficção a vida de outras mil pessoas e codificá-las da maneira mais bela possível em um aglomerado de fonemas, causando um resultado encantador. Meus parabéns a quem publica com carinho e com amor cada frase escrita à mão, cada palavra dedilhada na máquina e cada letra desenhada com cuidado.

Hoje é o dia de quem guarda no coração mundos desconhecidos, inimagináveis, capazes de despertar a curiosidade de qualquer pessoa. É dia de quem brinca com as letras, de quem embaraça as palavras e que mesmo assim torna tudo tão compreensível. É dia daquela pessoa incontida e que, através da escrita, expõe tão bem a sua personalidade, o seu “eu lírico” real. É dia do sensível e do grotesco. Do que coloca o coração em pauta e daqueles que são mórbidos nas suas transcrições. É dia de quem tem coragem de falar de amor e ao mesmo tempo de morte, e não se preocupa sobre más interpretações; eles serão entendidos.

Hoje é dia do jovem escritor, do que rabisca um diário fechado com cadeado, do que escreve frases na última página do caderno. Mas também é dia do que escolheu como profissão, a caligrafia. Escolheu viver do prazer. Um prazer encantador e desconhecido por muitos. É dia de quem escreve pra não implodir. Mas de quem escreve para explodir um pouco. Dia de quem já se foi e que deixou nas nossas estantes as lembranças mais fieis e originais. É dia do novo, do que escolheu criar a sua própria escrita e fazer dela uma arte. Mas é dia também do velho. O velho escritor que deixa para nós a capacidade inatingível de ser fantástico. Deixa a inspiração como maior legado. Não os imitamos. Apenas os admiramos.

É dia de parabenizar. De abrir um livro e dar o valor merecido àquele autor. De saber que escrever não é só diversão. Escrever é coisa séria. É se declarar para o papel em branco que te encara sem medo. Que te pressiona por uma palavra a mais, por um título sequer. É se aprisionar na libertação que o ato de escrever traz consigo. É não ter medo de expor a sua imaginação. De simplesmente entregá-la ao mundo e deixar com que todos conheçam a sua maluquice, essa sua ideia que partiu de um sonho, ou esse sonho que partiu de uma ideia. Escrever é tirar água de um poço vazio; puxar o balde sem nada e conseguir transbordá-lo. Escrever é uma forma de explodir. De explodir o coração e o mundo. Explodir a cabeça que não para. É pensar mais rápido do que a mente consegue funcionar. Escrever é uma necessidade. Eu chamo de poesia.

Meus parabéns vão para os mestres que enfeitam a minha estante e para aqueles que, ainda jovens, fazem história no mundo virtual que cresce um pouco todos os dias. Não citarei nomes, não dedicarei nada. Apenas deixo aqui a minha alegria de poder dizer que escrever é ser livre. Deixo aqui a admiração, o afeto, o carinho e toda a minha reverência aos gênios da literatura que mesmo em outra dimensão conseguem ser presentes na mente, no coração e na estante de quem leva a escrita (e a leitura) como uma arte. Parabéns aos artistas das palavras. Aos que, no papel, desenham com o coração.