Foto: Gui Benck

Artesana Food #1: Uma tarde em um festival de gastronomia, cultura e arte

Certa vez aprendi uma lição de um guru hippie viajante, em outra vida e em outro continente, mas absurdamente valiosa e atual. Ele dizia, em palavras semelhantes, para eu caminhar mais pelas ruas e correr menos de ponto em ponto turístico. Porque é justamente nas ruas que a gente conhece a cidade, as pessoas e a cultura local.

Ele falava de espaços públicos. E que as melhores cidades que ele já visitou eram aquelas em que a comunidade ocupava esses espaços com frequência. “As cidades não deveriam ser projetadas como se fosse um pano de fundo do trajeto casa-trabalho. Ela tem que fazer parte de você. E você, parte dela”. Essa foi uma das últimas palavras que ouvi. Logo que ele foi embora eu anotei a frase no bloco de notas do celular pra nunca mais esquecer.

Lembro dessa história dois dias depois da estreia do Artesana Food, em Passo Fundo, um festival de cultura, arte e gastronomia de rua. Um programa mil vezes melhor do que uma tarde no shopping, afinal de contas é a céu aberto, tem graminha verde pra sentar, dá pra levar cachorro, pra tomar chimarrão, tem música ao vivo, tem manifestações artísticas, tem lojinhas/brechós e a comida é bem mais delícia.

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Los Marias fizeram um som durante a tarde. | Foto: Gui Benck

O primeiro Artesana Food rolou num sábado (09/05), um dia antes do dia das mães, na Praça Capitão Jovino AKA Santa Terezinha. O local escolhido para acolher o festival é justamente uma praça que foi recentemente revitalizada pelo poder público. É a praça mais bem cuidada da cidade e a melhor escolha possível. Porém, a iniciativa é de duas produtoras culturais da cidade, a B2M Cultura e Eventos e a 360 Produtora.

“A ideia do projeto é ocupar o espaço público com cultura, comida e arte para o pessoal. É um evento da comunidade para a própria comunidade. Como a praça é um espaço público, a feira se torna muito democrática. É livre para você fazer o que quiser e se expressar da forma que quiser”.
Pablo Lauxen – 360 Produtora

Difícil mensurar, mas o que se diz é que mais de três mil pessoas prestigiaram o evento, entre o meio-dia e as oito horas da noite de sábado. Seja para almoçar, para matar aquela larica da tarde, para curtir um som, ficar numa relax sentadão na grama, levar os dogs pra passear, brincar no playground da praça (até 10 anos, ok?), tomar um chopp gelado (mais de 18 anos, beleza?) comprar coisas (classificação livre!) e tudo mais.

Durante o período, treze expositores gastronômicos ficaram alinhados lado a lado em uma das ruas em frente à praça, oferecendo uma variedade culinária maior do que as praças de alimentação dos shoppings daqui.

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Acredite: pessoalmente é melhor ainda. | Foto: Gui Benck
Aqui também. | Foto: Gui Benck
Aqui também. | Foto: Gui Benck
Sobremesa! | Foto: Gui Benck
Sobremesa! | Foto: Gui Benck

Comida para alimentar o estômago e arte e lazer para alimentar a mente. O Grupo da Foto estava lá, com uma exposição de fotos em um varal; O Selo 180 fez uma feira do vinil; O Beco do Robô uma feira de quadrinhos e artigos nerds; Os artistas Tiago Gregório, João Vitor Zornitta Trombini e Giulia Cittolin fizeram exposições com seus trabalhos; O CAPA e o Amigo Bicho fizeram uma feirinha de adoção de animais; Teve também vários brechós que levaram moda ao Artesana.

E, para ser sincero, provavelmente esqueci de algo. É que realmente tinha bastante coisa.

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Muito parceiro! | Foto: Gui Benck
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Renovar o guarda-roupa: era possível. | Foto: Gui Benck
Quadros da artista Giulia Cittolin. | Foto: Gui Benck
Quadros da artista Giulia Cittolin. | Foto: Gui Benck
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Trabalhos do ilustrador João Vitor Zornitta Trombini. | Foto: Gui Benck

O primeiro Artesana Food foi aprovado por todo mundo com quem conversei. É tão verdade que quando já estava escuro e chegando ao fim, nós que estávamos lá ficamos discutindo onde será que poderia ser o próximo e tudo mais. Eu sei, mas não posso contar. Mentira, não sei não, mas o certo é que vai ter um próximo sim, e possivelmente em outro lugar, já que a ideia é que seja um festival itinerante.

Passo Fundo agradece – e meu paladar também!