O auge da Marvel não está em Capitão América: Guerra Civil

Estúdio apresenta um filme empolgante e coerente, mas longe de ser o melhor filme baseado em quadrinhos da história.

capitão america guerra civil

Quando a internet dá voz para os fãs, muitas expectativas podem ser almejadas, mas isso não significa que elas sejam correspondidas. O exagero e as comparações nos discursos sobre Capitão América: Guerra Civil ser o melhor filme de super-heróis da história do cinema é um exemplo claro de quando o lado nerd fala mais auto que o senso crítico.

Guerra Civil é um dos arcos mais aclamados dos quadrinhos. A oportunidade de visualizar o embate épico entre os times liderados pelo Capitão América (Chris Evans) e o Homem de Ferro (Robert Downey Jr.) são ingredientes suficientes para prender na poltrona até o mais cético dos espectadores, mas na urgência de processar e difundir conflitos reais e colocar sob uma perspectiva dura as consequências de tantos atos heroicos previamente vistos nos filmes anteriores, não faz da produção o auge da Marvel.

Os irmãos Anthony e Joe Russo certamente conduzem o filme com ares épicos e bem mais coerentes com a carga emocional de cada personagem apresentado em tela, algo difícil para ser feito numa produção live-action, inclusive, de forma bem mais empolgante que os dois primeiros Vingadores de Joss Whedon. O roteiro da dupla Christopher Markus e Stephen McFeely consegue cobrir importantes personagens e dar conta das apresentações de novos, como as adições do Homem-Aranha (Tom Holland) e do Pantera Negra (Chadwick Boseman). Contudo, os pontos que colocam em divergência e dividem os times de heróis numa batalha grandiosa, também deixa rastros de que algo muito maior pode ser feito. Trata-se de Vingadores: Guerra Infinita.

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Todo o escopo de Guerra Civil se mantém claro, e desperta sorrisos dos fãs que assistem, mas a caracterização e o descaso do vilão Barão Zemo (Daniel Bruhl) infelizmente não assume o espírito sério que o filme julga apresentar. Bem como o personagem de Martin Freeman, totalmente desnecessário para a trama num todo e que poderia ter resultado em mais tempo e importância para o General Ross de William Hurt.

Problemas pontuais à parte, os irmãos Russo elevaram indiscutivelmente o nível de ação em relação ao filme anterior, O Soldado Invernal. A primazia dos irmãos e o olhar visionário para muitas cenas maiores demonstram que a franquia caminha em ótimas mãos. Sem dúvida, ambos estão prontos para trazer o tão esperado auge do estúdio nos cinemas. Comparado do ponto de vista conteúdo e entretenimento, a Marvel lidera com folga a disputa contra a Warner Bros. e a DC Comics, mas dentro do seu próprio time, Capitão América: Guerra Civil figura entre um dos trabalhos mais bem feitos e importantes da Casa das Ideias.

Sobre ser o melhor, o critério fica sendo puramente o gosto de cada um. Assim como na batalha entre os heróis, não é sobre o time que está certo.