Quadrinhos pelo preço que você achar justo

Num mundo em que até megacorporações como a Warner utilizam-se do crowdfunding para viabilizar uma produção cinematográfica, dois dos criadores mais talentosos da indústria das HQs resolveram tentar algo diferente – e um tanto mais arriscado. O roteirista Brian K. Vaughan e o ilustrador Marcos Martin – com cores de Muntsa Vicente – lançaram hoje (19) a primeira edição da série independente The Private Eye, disponível apenas digitalmente através da recém-criada plataforma do Panel Syndicate. Mas o que isso tem de tão diferente (e arriscado)? Na página do Panel Syndicate, você pode baixar a HQ de 32 páginas em diferentes formatos e idiomas – inglês, espanhol e catalão – pagando o quanto quiser (algo parecido foi feito pelo Radiohead com o álbum In Rainbows), inclusive nada. Isso mesmo, quadrinhos de qualidade potencialmente de graça – “Nós não iremos encará-lo com desapontamento, como aqueles empregados sutilmente críticos em museus nos dias de pague-quanto-quiser”, lê-se na área de perguntas mais frequentes do site.

Vaughan e Martin deixam claro, porém, que é o montante adquirido que lhes possibilitará continuar trabalhando nessa história – que, se tudo correr bem, terá algo em torno de dez edições. O preço sugerido pelos próprios autores é de 99 centavos de dólar (bem menos que os US$ 2.99 ou US$ 3.99 de uma HQ de papel numa comic shop norte-americana), que podem ser pagos via PayPal – sem que seja necessário ter conta no PayPal. Mas é possível dar qualquer valor a partir de US$ 0.50. A nossa sugestão é acessar o Panel Syndicate, fazer o download da HQ de graça – colocando 0 no campo “Name your price” depois de clicar em “BUY NOW” – e, após a leitura, decidir quanto a história vale e quanto você pode pagar – e quão ansioso você está para ver uma continuação.

Mas chega de falar da inovação de formato/distribuição e vamos tratar do que realmente interessa, dos quadrinhos em si, cuja trama é uma releitura da literatura policial pulp passando-se num futuro onde não há mais internet e a privacidade é extrema. Veja a sinopse de The Private Eye: “É uma história de detetive que se passa em 2076, quando todos nos Estados Unidos têm uma identidade secreta. Nosso protagonista é um membro dos paparazzi, investigadores particulares foras-da-lei que descobrem o tipo de ‘sujeira’ pessoal que não está mais prontamente disponível através de mecanismos de busca. É um mistério com muitas máscaras, mas sem superpoderes”. Uma prévia com a arte de algumas páginas pode ser conferida aqui.

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