Deus, larga do meu pé

Ateus, saiam do armário

Minha mãe diz “vai com deus, meu filho”. Eu retruco: não, fique com ele. Ela se zanga e conta que deus não pede licença, que ele vai comigo e pronto. Eu fico puto, mas não tem recurso, deus tá grudado em mim feito chiclete. E, convenhamos, chiclete no pé é um saco.

O ateísmo está crescendo, ainda que timidamente, principalmente nos países menos afetados pela pobreza generalizada. Quanto maior o nível de alfabetização de um país, maior o número de pessoas que se declaram sem religião. Logo, em países desenvolvidos, o número de ateus pode até mesmo ultrapassar o de teístas.

Mas, no Brasil, onde representamos apenas 8% da população (dados de 2010) dizer-se ateu é um risco. O ateu é classificado, popularmente, como um desajustado, com propensões delinquentes e espírito encapetado. Em resumo: o ateu é alguém que, definitivamente, não presta. “Não quero esse sujeito conversando com os meus filhos, é péssima influência”, comenta a tia preocupada.

E ela tem razão. Precisamos, cada vez mais, influenciar pessoas, exercer o ateísmo no meio público e desmistificar aquela velha máxima de que religião não se discute. Retirar esse chiclete que fica grudado no nosso sapato, incomodando. É por isso que eu digo ao meu priminho que deus está morto. Ele dá risada. Um dia vai dar orgulho.