Então vamos falar de maconha

Bacon, álcool, cigarro, antidepressivo, Mc Donald’s, Rivotril, anfetamina, sibutramina, Coca-Cola, batata frita… e a lista segue  e é longa, até o leite poderia entrar nessa lista das coisas que fazem muito mal à saúde. Além dessa, poderia ser feita uma outra lista igualzinha, sobre coisas produzidas, industrializadas, comercializadas e consumidas legalmente perante a lei. Mas já que estamos fazendo listas, vamos fazer uma das plantas milenares de uso medicinal comprovado, proibidas por lei: Maconha, maconha, maconha e maconha.

Bom, de fato nem sempre a maconha foi proibida. Você já se perguntou o que levou a planta mais consumida no mundo se tornar uma “droga”? Os reais motivos disso na verdade são vergonhosos e praticamente inconfessáveis. Tudo começou no século XX com o preconceito contra árabes, chineses, mexicanos e negros, usuários frequentes de maconha. Não houveram argumentos científicos, não houve debate, não houve discussão, o que houve foram interesses. Interesses exclusivamente políticos e econômicos de poderosas indústrias de tecido e papel que precisavam se livrar do ameaçador concorrente, o cânhamo. Claro, houveram interesses morais também, sempre há. A forte opinião moralista judaico-cristão-protestante-puritano, defendeu e venceu com a ideia de que não se pode ter prazer sem merecimento. A partir disso, qualquer convite ao debate, à discussão, à palavra, à troca de ideias era considerado “apologia às drogas”, veja bem “às” no plural, porque a questão sempre traz a velha e questionável frase “a maconha é a porta de entrada para outras drogas” e também “era” pois hoje, graças a internet, tudo é questionável, tudo é discutido, tudo é aberto.

maconha

Segundo dados da ONU, de um estudo realizado em 2010, existem cerca de 190 milhões de usuários de maconha no mundo, fazendo dela a terceira droga psicoativa mais consumida no mundo, atrás apenas do tabaco e do álcool e três anos depois esse número pode ainda ter aumentado.

Por isso venho por meio desse, com a exclusiva intenção de informar. Pois depois de todos esses anos de “guerra contra as drogas”, se teve de tudo, menos informação. O passado de estudos, de pesquisas e de descobertas sobre a Cannabis Sativa ficou guardado e trancado a sete chaves por muito tempo na última gaveta da escrivaninha de Richard Nixon.

A guerra contra as drogas é o termo comumente aplicado à proibição e intervenção militar feita pelo governo dos Estados Unidos para acabar com a produção, o consumo e o tráfico de drogas, o termo foi usado pelo presidente Richard Nixon numa grande ofensiva inspirada numa convenção da ONU de combate às drogas em 1962. – Wikipédia (Guerra contra as drogas)

Richard Nixon
Richard Nixon

A PROIBIÇÃO

No início do século XX a maconha era liberada, porém sua reputação já não era das melhores, único exclusivamente pelo motivo de quem a consumia. No Brasil ela era conhecida como “coisa de negro”, na Europa ela era associada aos árabes e indianos, nos EUA era consumida por imigrantes mexicanos, muitos deles ilegais, quer dizer, desde já a imagem da maconha era marginalizada por classes consideradas inferiores perante a classe média branca, influenciada sempre pela moral e bons costumes norte-americanos.

Porém essa questão vai muito além do cigarro de maconha, propriamente dito. O “barato” da maconha é apenas uma das alternativas de consumo da cannabis. Remédios, xaropes para tosse, pílulas para dormir eram feitas com base na cannabis. A produção de papel usava como matéria-prima a fibra de cânhamo, também utilizada para fabricação de cordas, velas de barco, redes de pesca, e muitos outros produtos que necessitam de matéria-prima resistente. Até mesmo a Ford, desenvolvia combustível e plásticos feitos a partir de óleo da semente de maconha.

Uma pausa para reflexão: Quer dizer então que a Cannabis Sativa é matéria-prima na produção de papel e combustível e ao invés disso nós usamos árvores e petróleo?

hemp fabricada
Tecido de cânhamo

Durante 13 anos vigorou nos EUA a Era da Lei Seca (1920 a 1933). Segundo o historiador inglês Richard Davenport-Hines, especialista na história dos narcóticos “A proibição do álcool foi o estopim para o ‘boom’ da maconha. Na medida em que ficou mais difícil obter bebidas alcoólicas e elas ficaram mais caras e piores, pequenos cafés que vendiam maconha começaram a proliferar”. A planta da classe baixa marginalizada, de repente se tornou a planta de todos. Em meio a essa “Era”, os Estados Unidos enfrentava a crise com a quebra da Bolsa em 1929. Nesse momento surgiu na vida pública americana um homem chamado Henry Anslinger, (se quiser jogar a culpa em alguém pela proibição, esse alguém é ele). Ele assinou uma matéria na revista American Magazine, publicada em 1937, com o seguinte título “Marijuana: assassina de jovens”.

O corpo esmagado da menina jazia espalhado na calçada um dia depois de mergulhar do quinto andar de um prédio de apartamentos em Chicago. Todos disseram que ela tinha se suicidado, mas, na verdade, foi homicídio. O assassino foi um narcótico conhecido na América como marijuana e na história como haxixe. Usado na forma de cigarros, ele é uma novidade nos Estados Unidos e é tão perigoso quanto uma cascavel. (Trecho da matéria de Anslinger)

Entre um interesse aqui e outro ali Henry Anslinger era casado com a sobrinha de Andrew Mellon, dono da gigante Petrolífera Gulf Oil, além de ser um dos principais investidores da também gigante petrolífera Du Pont, “uma das maiores responsáveis pela destruição da indústria de cânhamo” afirma o escritor Jack Herer, em “The Emperor Wears No Clothes (O imperador está nu).

Os mesmos produtos desenvolvidos pela indústria petrolífera, também eram desenvolvidos pela industria do cânhamo.

Foi então que Anslinger inciou uma aliança poderosa para seus interesses. Willian Randolph Hearst, dono de uma imensa rede de jornais, em quem o protagonista do filme Cidadão Kane de Orson Welles foi inspirado, cultivava em suas terras eucaliptos para produção de papel, ou seja, mais um motivo para acabar com a cannabis. Uma onda de terror sobre a maconha começou. Agora todos os crimes possíveis, eram culpa da maconha. Não demorou muito para o Congresso votar pela proibição do cultivo, da venda e do consumo da cannabis, ignorando todas as pesquisas já existentes que afirmavam que a substância era segura. Após isso,o trabalho se tronou internacional e logo o mundo todo estava proibindo a maconha.

killerdrug
Publicação em jornal dizendo: “Droga assassina – Marijuana. Assassinato! Insanidade! Morte!”

UMA QUESTÃO DE SAÚDE

A maconha faz mal? Faz.

Depois de tantos estudos e pesquisas sobre o assunto, tem que existir uma conclusão. A maconha, sim, faz mal. Quando usada excessivamente é óbvio que faz mal, é fumaça entrando no seu pulmão. Mas as pesquisas dizem mais. O uso moderado não faz mal. Sabe-se que os primeiros estudos do caso iniciaram-se na Índia em 1894, quando houveram suspeitas de que a bebida “bhang” feita à base de maconha, poderia causar demência. Formou-se então uma Comissão Indiana de Drogas da Cannabis, que estudou o caso por dois anos e chegou a conclusão de que: “O bhang é quase sempre inofensivo quando usado com moderação e, em alguns casos, é benéfico. O abuso do bhang é menos prejudicial que o abuso do álcool” afirmou o relatório. Após isso muitas pesquisas foram feitas na Inglaterra, no Canadá e nos EUA e todos com resultados semelhantes, comprovando a existência do consumo seguro, porém nada suficiente para afrouxar as leis.

Foi em 1976 que a Holanda decidiu parar de prender usuários de maconha desde que eles comprassem a droga em cafés autorizados.

Resultado: o índice de usuários continua comparável aos de outros países da Europa. O de jovens dependentes de heroína caiu – estima-se que, ao tirar a maconha da mão dos traficantes, os holandeses separaram essa droga das mais pesadas e, assim, dificultaram o acesso a elas.

Das pesquisas feitas até hoje, veja o que se sabe:

Câncer
Até hoje não se comprovou nenhuma relação entre a maconha e o câncer de pulmão, traqueia, boca e outros associados ao cigarro. Isso não exclui a possibilidade de haver relação, porém nunca se foi comprovado, assim como durante muito tempo, não se sabia da relação do cigarro com o câncer, que começou a se manifestar décadas depois do consumo contínuo. O uso da maconha é milenar, porém ele se popularizou de verdade nos anos 60. O que se sabe é que entre o cigarro e a maconha, a única diferença está no princípio ativo, um é a nicotina, no outro o THC (tetrahidrocanabinol). Porém fazer essa relação é um tanto arriscado, pois os hábitos são diferentes. Enquanto o fumante de cigarro pode fumar mais ou menos de uma carteira por dia, o fumante de maconha mesmo fumando todos os dias, terá um consumo menor relativamente.

Dependência
Segundo pesquisas a “dependência de maconha não é um problema da substância, mas da pessoa” afirma o psiquiatra Dartiu Xavier, coordenador do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Escola Paulista de Medicina. Segundo ele, há um perfil claro do dependente de maconha: em geral ele é jovem, quase sempre ansioso e eventualmente depressivo.

Pessoas que não se encaixam no perfil suscetivo ao vício (ansiosos e depressivos) muito provavelmente não irão desenvolver a dependência. “E as que se encaixam podem tanto ficar dependentes de maconha quando de sexo, de jogo, de internet” diz o psiquiatra Dartiu Xavier.

O risco maior, para alguns especialistas, está na mutação genética da maconha. Nos últimos 40 anos, melhoramentos genéticos foram feitos para aumentar o teor de THC na planta, exemplo disso é o Skunk, a combinação de uma Cannabis sativa com uma Cannabis indica. Já o farmacólogo inglês Leslie Iversen, autor do livro The Science of Marijuana (A ciência da maconha) e consultor do tema da Câmara dos Lordes (o Senado inglês), esses temores são exagerados e o aumento da concentração de THC não foi tão grande assim.

De fato, para quem é dependente a maconha faz mal, especialmente para crianças e adolescentes, segundo Dartiu “o sujeito com 15 anos não está com a personalidade formada. O uso exagerado de maconha pode ser muito danoso a ele”.

Danos cerebrais
Agora um mito: “Maconha mata neurônios”. Muito dinheiro foi investido em pesquisas para comprovar que o THC destrói o tecido cerebral. Nada foi comprovado.

O maior foco dos possíveis danos cerebrais pelo consumo de maconha sempre foi a memória. Os estudos mostram que durante o consumo, sim, a memória a curto prazo fica prejudicada. Porém esse feito não é permanente, basta ficar sem fumar para o funcionamento da memória voltar ao normal.

Pesquisas com pessoas que fumam mais de uma vez por dia, há mais de 15 anos, mostraram pequenas dificuldades na questão memória e atenção. Porém de forma muito sutil.

Quando comparado aos danos cerebrais do álcool, a maconha fica em grande vantagem: beber muito provoca danos cerebrais irreparáveis e destroi a memória.

Coração
Quem sofre do coração não deve consumir maconha. Ela dilata os vasos sanguíneos, e para compensar acelera os batimentos cardíacos, o que não oferece risco aos usuários sem problemas de coração.

Infertilidade
Conforme as pesquisas, o usuário tem o número de espermatozoides reduzido. Porém nunca se comprovou a possibilidade de infertilidade ou até mesmo impotência. As pesquisas também mostram claramente que a redução dos espermatozoides não é permanente e volta ao normal quando se para de fumar.

Loucura
Se acreditava que a maconha pudesse causar demência. Isso não se confirmou, porém existem riscos do desenvolvimento precoce de quem já possui certas doenças, como por exemplo, esquizofrenia.

Gravidez
Nenhuma substância psicoativa é segura durante a gravidez. Nesse caso, pesquisas mostram tendência de filhos de mães que fumaram maconha durante a gravidez, nascerem com menor peso. De qualquer maneira, nunca é seguro, mas sem dúvida a mais perigosa delas é o álcool.

Uso medicinal
Não confunda o uso medicinal da planta com a ideia de que fumar maconha faz bem a saúde. O uso da cannabis como remédio é tão antigo quanto a própria, porém o benefício acontece em casos específicos, e não com o simples consumo da maconha de uma maneira geral.

Livro milenar de fitoterapia conhecido como Shen Nung Pen Tsao Ching, sugere o uso de maconha no tratamento de várias doenças
Livro milenar chinês de fitoterapia conhecido como Shen Nung Pen Tsao Ching, sugere o uso de maconha no tratamento de várias doenças

O mais antigo texto medicinal conhecido é de dois mil anos atrás, encontrado no livro de fitoterapia oriental (terapia com plantas) conhecido como “Shen Nung Pen Tsao Ching”, que sugere o uso da cannabis. Ela era indicada para problemas de asma, cólicas menstruais e inflamações da pele e assim ficou até recentemente. Segundo o bioquímico John Morgan, da Universidade da Cidade de Nova York, “nos Estados Unidos, a asma, a dor e o estresse foram combatidos com chás e outros preparados de maconha (sem fumar)”. A utilização desses medicamentos acabou em 1937, com a lei federal de proibição. No início dos anos 70 surgiram os primeiros remédios a base de THC sintético, cujo o uso é autorizado, em casos especiais (câncer e aids), na Europa e Estados Unidos
No Brasil, assim como em muitos outros países, o uso da maconha medicinal ainda é proibido, ocorrendo a utilização ilegal.

A cannabis não cura câncer nem Aids, o que acontece é o alívio do sofrimento decorrente dessas doenças.

Conheça alguns casos específicos de tratamento com maconha medicinal:

CÂNCER

A quimioterapia é o grande terror dos pacientes com câncer. Seus efeitos colaterais são devastadores, com enjôos e dores. Existem remédios legalizados para reduzir esses efeitos, porém nem sempre eles têm o resultado tão eficiente quando à maconha. Exemplo disso foi o caso do escritor e paleontólogo Stephen Jay Gould. Ele nunca tinha usado drogas psicoativas – ele detestava a ideia de que interferissem no funcionamento do cérebro. Veja o que ele disse: “A maconha funcionou como uma mágica. Eu não gostava do ‘efeito colateral’ que era o borrão mental. Mas a alegria cristalina de não ter náusea – e de não experimentar o pavor nos dias que antecediam o tratamento – foi o maior incentivo em todos os meus anos de quimioterapia”.

No documentário Cortina de Fumaça é exposto outro caso de eficiência do uso da maconha durante o tratamento de câncer. Dessa vez de forma ilegal.

Em Porto Alegre (RS), Alexandre Tomas foi diagnosticado com um tumor maligno no pescoço e imediatamente iniciou o tratamento com oito sessões de quimioterapia. Enfrentando os efeitos colaterais do tratamento, Alexandre buscou alternativa na cannabis, importando sementes da planta e cultivando no seu quintal.

Veja o depoimento de Alexandre:

http://youtu.be/zZfYwaEjQjw?t=4m17s

Para assistir o documentário completo clique aqui.

AIDS

Maconha dá fome. Qualquer um que fuma sabe desse fato conhecido como “larica”. Nenhum remédio é tão eficiente para restaurar o peso de portadores do HIV quanto a maconha. E isso pode prolongar muito a vida: acredita-se que manter o peso seja o principal requisito para que um soropositivo não desenvolva a doença. O problema: a cannabis tem uma ação ainda pouco compreendida no sistema imunológico. Sabe-se que isso não representa perigo para pessoas saudáveis, mas pode ser um risco para doentes de Aids.

ESCLEROSE MÚLTIPLA

Essa doença degenerativa do sistema nervoso é terrivelmente incômoda e fatal. Os doentes sentem fortes espasmos musculares, muita dor e suas bexigas e intestinos funcionam muito mal. Acredita-se que ela seja causada por uma má função do sistema imunológico, que faz com que as células de defesa ataquem os neurônios. A maconha alivia todos os sintomas. Ninguém entende bem por que ela é tão eficiente, mas especula-se que tenha a ver com seu pouco compreendido efeito no sistema imunológico.

GLAUCOMA

Essa doença caracteriza-se pelo aumento da pressão do líquido dentro do olho e pode levar à cegueira. Maconha baixa a pressão intraocular. O problema é que, para ser um remédio eficiente, a pessoa tem que fumar a cada três ou quatro horas, o que não é prático e, com certeza, é nocivo (essa dose de maconha deixaria o paciente eternamente “chapado”). Há estudos promissores com colírios feitos à base de maconha, que agiriam diretamente no olho, sem afetar o cérebro.

O FUTURO

Recentemente alguns países da América Latina já adotaram a política de descriminalização da maconha e abriram a questão a debate, como Argentina e Uruguai. No Brasil o caminho ainda é longo, mas a realidade está aos poucos se transformando. Políticos influentes estão debatendo o assunto de forma aberta, como o caso do ex-presidente da república Fernando Henrique Cardoso, e o ex-candidato a prefeito do Rio de Janeiro Fernando Gabeira. Além disso, sete ex-ministros da justiça dos governos de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva assinaram neste ano, uma carta favorável a descriminalização da maconha. São eles: Tarso Genro (atual governador do Rio grande do Sul), Nelson Jobim (ex-ministro da defesa e do Supremo Tribunal Federal), José Carlos Dias, José Gregori, Aloysio Nunes (atual senador em São Paulo), Miguel Reale Junior e Márcio Thomaz Bastos.

Fernando Henrique Cardoso afirma que há uma enorme influência americana na política de drogas brasileira. O fato é que essa questão mais tira do que dá votos e assusta os políticos – e não só aqui no Brasil.

No remoto caso de uma legalização da compra e da venda, haveria dois modelos possíveis. Um seria o monopólio estatal, com o governo plantando e fornecendo as drogas, para permitir um controle maior. A outra possibilidade seria o governo estabelecer as regras (composição química exigida, proibição para menores de idade, proibição para fumar e dirigir), cobrar impostos (que seriam altíssimos, inclusive para evitar que o preço caia muito com o fim do tráfico ilegal) e a iniciativa privada assumir o lucrativo negócio. Não há no horizonte nenhum sinal de que isso esteja para acontecer. Mas segundo a revista SuperInterssante, em consulta ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual, a empresa Souza Cruz registrou, em 1997, a marca Marley.

Então fica a dúvida, qual seria o produto a ser comercializado pela empresa, utilizando o nome do ídolo do reggae?

Fontes:

SuperInteressante
Wikipédia
DAR – Coletivo Antiproibicionista de São Paulo

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