Jan Hammer e o Ofuscante Jeff Beck

O Jeff Beck foi o guitarrista que me fez gostar de Jazz Fusion. Hoje sei que ele pode ser Rock ‘N’ Roll, partir para ou Blues… Em suma ele pode fazer o que der em sua telha criativa, mas sinto que ele é mais Fusion do que qualquer outra coisa. Dentre seus clássicos neste estilo temos a trinca básica: Blow By Blow, Wired There & Beck, sei que todos precisam ouvir esses discos em alguma fase da vida, mas o que dizer do registro live que só não pega o período There & Beck?

Jeff Beck With The Jan Hammer Group é um dos maiores discos ao vivo de todos os tempos e pouquíssimos fãs do próprio guitarrista o conhecem. O que começou como uma simples participação especial para com alguns de Jan Hammer (Mahavishnu Orchestra e tecladista de Beck no Wired) acabou virando uma tour e disco ao vivo, e que me perdoe o reverendo Hammer, ele também toca muito, mas ainda não tivemos uma banda capaz de acompanhar o fraseado de Jeff e esta fritação datada de 1977.

Line Up:

Tony ”Thunder” Smith (bateria/ vocal)
Fernando Saunders (baixo/ guitarra / vocal)
Jeff Beck (guitarra/ baixo)
Jan Hammer (teclados / piano / sintetizadores/ percussão/ vocal)
Steve Kindler (violino/ sintetizadores/ guitarra)

Track List:

1. Freeway Jam
2. Earth (Still Our Only Home)
3. She’s A Woman
4. Full Moon Boogie
5. Darkness/Earth In Search Of A Sun
6. Scatterbrain
7. Blue Wind

O disco já entra com um clássico do Sir Jeff, abrimos os trabalhos com uma das melhores e mais fritas versões de Freeway Jam. Os teclados de Jam Hammer sempre foram um dos grandes segredos nos discos Fusions do Beck e aqui, ao vivo, nota-se de forma cavalar o motivo. O começo da música já é brincadeira, a dupla imita sons de buzina na introdução da música, no meio, e intercala isso com solos ultrajantes por mais de sete minutos durante todo o take.

JeffBeckJanHammer
A energia é absurda, e para os padrões de um live lançado na década de setenta, podemos até dizer que o disco é curto, mas é um dos grandes momento já registrados dentro do mundo sonoro. Durante todos os 44 minutos e 5 segundos pelos quais esse disco frita, nossos ouvidos absorvem cada milésimo de riff, solo ou excelentes vocais, como os de Tony “Thunder” Smith em Earth (Still Our Only Home), acrescentando um Soul mais relax na quebradeira de Beck, que desculpem-me os envolvidos, reina absoluto.

Porém é necessário salientar a performance monstruosa de outro cara que fez parte disso aqui, e para tal cito o nome de Tony “Thunder” Smith. Este é o meu principal destaque tirando a monstruosidade do Britânico, além dos ótimos vocais as linhas de bateria desse cidadão são impressionantes, o vigor e o ritmo nunca se perdem, caminham juntos, e deixam a cozinha ligada no 220 durante todo o tempo necessário. Nem em momentos onde Jan Hammer acelera o fraseado o homem das baquetas se perde, muito pelo contrário, em certos momentos a dinâmica de seu beat que influencia tanto o que seu marfim diria, e servia de base para as virtuosidades do mestre Beck-Ola.

JeffBeckJanHammer-Jam

E para dizer que esse show não teve de tudo, esse live serviu também para registrar a melhor versão de She’s A Woman, onde além da dose de Reggae ser muito mais presente do que em estúdio, os caras ainda acharam uma talk-box. Mas isso é o mais “leve” que esse disco consegue soar, depois chega o abalo sísmico de Full Moon Boogie e enquanto a talk-box chega mais uma vez Jeff perde a linha em um Boogie Woogie furioso, temperado até com Steve Kindler e seu violino.

Logo depois a banda sustenta o patamar de groove com Darkness/Earth In Search Of A Sun, Beck especificamente destrincha a guitarra em Scatterbrain, e depois todos os envolvidos finalizam a session relembrando um dos takes onde o feeling do guitarrista, apesar de todo o peso e velocidade de seu Jazz, é mais celebrado: o flashback de Wired com Blue Wind. Jeff Beck & Jan Hammer, senhoras e senhores, não sei nem como em colocar em palavras a minha vontade de estar de corpo presente neste show toda vez que o escuto.