Lei do Amor: Amarás o teu próximo como a ti mesmo

Muitos têm a oportunidade de estudar as religiões sem frequentar as igrejas, sem previamente fazer parte de alguma delas. Felizmente – pois não me arrependo – vivenciei um período chamado Crisma, ritual da igreja católica para confirmar o nosso batismo. Esse talvez não tenha sido o objetivo dos meus animadores e do padre que propôs o segmento, mas aprendi nos nossos encontros dominicais que dogmas religiosos nos afastam de nós mesmos e pior, nos afastam, muitas vezes, da realidade do que é ser humano.

Hoje, após o debate dos presidenciáveis transmitido pela Rede Globo, confirmei a minha tese de que religião não veio com o intuito do bem. E isso é fácil de ser comprovado não somente com o discurso de Levy Fidelix, como também dos seus seguidores. Outra forma de perceber que a “segregação dos Deuses” não tem um resultado positivo é ver que católicos reprovam a candidatura do PT justamente por serem católicos, por considerarem o Partido dos Trabalhadores uma “organização” comunista.

A questão discutida e colocada em cheque pelo candidato do PRTB é de importância social. Não se trata apenas de política, se trata de ser humano. E se tanto ele quanto os seus eleitores se afirmam católicos, onde fica a Lei do Amor – amar ao próximo? Aceito – ou melhor, compreendo – que há um emburramento em relação aos LGBT’s devido à máquina reprodutora que a igreja católica criou em cima do matrimônio. Realmente, “dois iguais não fazem filho”, Levy. Não dissestes nenhuma mentira. Mas passeando pelas redes sociais, encontrei a melhor resposta para o senhor candidato:

“Dois iguais não fazem filho, mas adotam o que dois diferentes jogam fora.”

Dois diferentes que muitas vezes são provenientes da própria igreja. Sim, já sei! Irão me falar que eles podem até frequentar a missa regularmente, mas não são católicos realmente. Concordo, não são. Mas sê-lo também não é de bom tom.

Antes, eu conseguia enxergar e até admirar àqueles que eram rígidos, defendiam e seguiam a sua religião. Isso se chama palavra e fidelidade. Massa! Quando teoria e prática andavam juntas, considerava ao menos interessante essa decisão. Porém, após toda essa campanha presidencial, eu tive que refletir um pouco mais. Cristão que não apoia o amor? Hipocrisia, não? Não é legal, muito menos interessante, essa alienação vivida pelos fiéis. Também não é démodé falar sobre alienação. É pauta viva. É atual. É um problema, eu diria. Vejo pessoas disseminando o ódio por aqueles que apoiam determinada ação ou prática que eles condenam. Católicos, vos pergunto novamente, cadê a compreensão? Cadê o amor?

Cristão não vota em PT? E vota em quem? No disseminador de segregação de minorias? Naquele que não apoia uma causa de dimensão mundial e que vem causando assassinatos quase que diariamente? Cristão vota no candidato que preza por uma família institucionalizada em pai, mãe e filho? Seus pais são separados? Você não tem uma família? Quer dizer, então, que cristão vota na direita opressora que ataca os homossexuais e menospreza o direito das mulheres e não mostra um programa sequer de combate a homofobia – problema que vem tomando uma dimensão fora do normal atualmente? Ah! Cristão vota no candidato que defende os dogmas cristãos. Compreendi, ferrenhos! Pena que esse discurso é um tanto retrógrado. Isso sim é um perigo pra sociedade. Pessoas que se pautam numa estrutura ultrapassada e sim, uma instituição preconceituosa.

Estado e Igreja são dissociáveis e de preferência imiscíveis. O discurso do nosso companheiro Levy é uma afronta a uma sociedade modernizada e que busca, dia após dia, luta após luta, direitos equiparados entre todos os gêneros, entre todas as raças. Concordo e assino embaixo com a candidata Luciana Genro: homofobia deveria ser crime, assim como o racismo já se tornou um. O debate católico sobre esse assunto perde todos os fundamentos quando tenta fazer essa mistura. Desculpem-me, mas o mundo não é católico! E justamente por esse motivo é que não dá pra governar um país laico com um presidente que quer segregar a população. A massa LGBT tem ganhado espaço. Vocês vão disseminá-los? A era nazista acabou. Hitler morreu. A eugenia chegou ao fim. Quer dizer que vamos retroceder?

Perdoa, Pai, eles não sabem o que dizem.