24 Livros Sobre Revoluções

O mês de junho fica na história do Brasil. Com milhares de brasileiros nas ruas reivindicando mudanças, o povo sentiu que possui um poder até então inimaginável. Fruto dos protestos, parlamentares cederam à pressão e acabaram aceitando algumas “sugestões” das ruas, como o fim da PEC 37 e a transferência da corrupção para a ala dos crimes hediondos.

Ainda há muito o que protestar, muito o que mudar. Mas enquanto isso, é importante um pouco de história e um pouco de arte. Pensando assim, colocamos aqui uma lista com 24 títulos literários sobre movimentos sociais.

Diferente de nossa lista com 25 músicas de protesto, as sugestões a seguir não foram produzidas pelo La Parola. Mas como é muito bem pensada, reproduziremos logo abaixo. A lista nada mais é que uma sugestão do site de compra e venda de livros usados Estante Virtual. É dividida em ficção e não-ficçã0. Confira abaixo.

1. Livros sobre revoluções, movimentos sociais e personalidades dessas manifestações

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A grande maioria de homens serve ao Estado desse modo, não como homens propriamente, mas como máquinas, com seus corpos.
(Henry David Thoreau – A Desobediência Civil)

Caio Prado Júnior e Florestan Fernandes – Clássicos Sobre a Revolução Brasileira

Este volume reúne contribuições dos autores à revolução brasileira, que reforçam a necessidade de a esquerda enfrentar o desafio que é a formação da consciência de classe do proletariado, para viabilizar a luta pelo poder. Para Caio Prado Jr., trata-se de ‘definir uma teoria revolucionária que seja expressão da conjuntura econômica, social e política do momento, e em que se revelem as questões pendentes e as soluções possíveis para as quais essas questões apontam’. Para Florestan Fernandes, ‘sua estratégia será a de converter a ‘guerra civil oculta’ em ‘guerra civil aberta’, tão depressa quanto isso for possível. Na prática, porém, deverá combinar várias táticas de luta, que unam entre si as reivindicações concretas e os pequenos combates com o fortalecimento de uma consciência de classe revolucionária e uma disposição de luta inabalável…’

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Che Guevara – Textos Revolucionários

Esta obra, uma antologia daquilo que podemos dizer ‘o essencial’ de Che Guevara, traz a essência do pensamento diferenciado do século XX voltado ás ideias radicais como – ideologia igualitária, libertária, oposta à burocracia e avessa às hierarquias. Ler Guevara é um exercício de diálogo entre suas ações e seu discurso teórico. Nesse aspecto, essa obra determina uma linha de conduta entre assuntos diversos, com um eixo que percorre um caminho entre temas como o humanismo socialista, a crítica das alienações e o internacionalismo da revolução.

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Cristina Leminski – Tiradentes e a Conspiração de Minas Gerais

Esse tema polêmico e importante da história do Brasil é analisado de modo original e realista nesse livro, para estimular a reflexão e o senso crítico dos estudantes.

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Domingos Leonelli e Dante de Oliveira – Diretas Já: 15 meses que abalaram a ditadura

Dois dos principais personagens da “Diretas Já” contam em detalhes os bastidores de um dos maiores movimentos populares do Brasil. Dante de Oliveira e Domingos Leonelli contam histórias divertidas – como a briga da Fafá de Belém no comício da Candelária, no Rio – que se misturam às (auto) críticas, análises e à memória destes dois políticos que participaram ativamente das articulações da campanha até abril de 1984, quando a Emenda Dante de Oliveira foi votada. Aliás, a obstinação de Dante em conseguir assinaturas para que Emenda chegasse à Câmara dos Deputados foi tão grande que acabou ganhando, de Ulysses Guimarães, o apelido de mosquito elétrico.

Domingos Leonelli e Dante de Oliveira Diretas Já 15 meses que abalaram a ditadura

Florestan Fernandes – Mudanças Sociais no Brasil

O autor examina em ‘Mudanças sociais no Brasil’ elementos constituintes da realidade brasileira por ele identificados no fim dos anos 1950, como o enorme descompasso econômico entre as diferentes regiões do país e a proeminência das prerrogativas particularistas nas relações de trabalho. Segundo o sociólogo, a primeira situação impediria o país de concretizar com eficácia o processo de integração nacional e a segunda, por seu turno, tomaria o lugar que deveria ser ocupado pelas necessidades vitais da sociedade como um todo, as quais regeriam a formação de comunidades socialmente mais justas. Florestan sugere no livro que o Estado deveria empenhar-se em construir um sistema educacional compromissado com a tarefa de preparar ‘o homem para a vida’. O sociólogo mensura os limites dos processos de redemocratização e de industrialização do país, sempre preocupado com a consolidação de mecanismos que permitissem os efetivos avanços sociais que ele tanto desejava.

Florestan Fernandes - Mudanças Sociais no Brasil

Hannah Arendt – Sobre a Revolução

A partir das grandes transformações políticas do século XVIII, Hannah Arendt identifica as principais linhas de força das revoluções modernas, apontando suas contradições e analisando as motivações de seus protagonistas.

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Henry David Thoreau – A Desobediência Civil

O alvo principal das análises de Thoreau era a formação da nação americana- calcado no sistema escravista e afeito às guerras, o país ia, aos poucos, aprofundando as bases políticas e sociais que, para Thoreau, eram contrárias justamente ao baluarte mais defendido- a liberdade individual. Opondo-se ao senso comum, que considera a obediência às leis e às normas sociais como súmula da moral, Thoreau defendia que o dever para com a própria consciência está acima do dever de um cidadão para com o Estado.

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Huberto Rohden – Mahatma Gandhi: O Apóstolo da não-violência

O livro, de autoria do filósofo e educador Huberto Rohden, constitui um marco significativo na cultura brasileira. Nenhuma biografia causou tão grande interesse e impacto espiritual como esta obra – que narra a vida do imortal líder, místico e político da Índia moderna. Gandhi é fenômeno humano de incrível força cósmica. Sua mensagem de não-violência é a mais revolucionária estratégia social, política e religiosa dos nossos tempos. Para Rohden, o Mahatma Gandhi é o modelo do homem integral. Nesta biografia, fartamente ilustrada, a vida do Mahatma é mostrada na sua luminosa grandeza.

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Lenin – O Estado e a Revolução

Este livro, obra capital do marxismo, foi escrito em 1917, logo após a divulgação das ‘Teses’, que subverteram a posição do partido diante da Revolução Russa. Nega a viabilidade do controle revolucionário do poder pela burguesia; suscita o problema da transformação do partido, do papel do proletariado na revolução e da tomada do poder pelas classes trabalhadoras; e reestabelece a doutrina de Marx e Engles sobre o Estado e o papel da ditadura do proletariado na revolução socialista.

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Leon Trostsky – A Revolução Traída

Narra a revolução russa sob o ponto de vista de um de seus protagonistas: Leon Trotsky, o homem que colocou em evidência a camada social que levou Stalin ao poder e desviou o curso da revolução.

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Nelson Mandela – Conversas Que Tive Comigo

O livro traça um retrato pessoal do líder Nelson Mandela. Com prefácio de Barack Obama, o livro se baseia no arquivo pessoal de materiais inéditos de Nelson Mandela. São diários, cartas, anotações pessoais, recortes de jornais, rascunhos de discursos e gravações que procuram propiciar a compreensão do lado humano desta personalidade.

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Samuel P. Huntington – O Choque das Civilizações

Em 1993, um artigo da revista ‘Foreign Affairs’ alcançou repercussão surpreendente. Intitulado ‘O choque de civilizações’, o texto do professor, ensaísta e escritor americano Samuel Huntington provocou mais debates que qualquer outro publicado pela revista desde os anos 40. Nele, Huntington explorava a importância das culturas locais como motivadoras de alianças e choques no mundo contemporâneo. Perplexidade, medo, indignação foram algumas das reações que a leitura do texto do autor provocou. Diante de tanta polêmica, o autor volta ao tema neste livro, buscando apresentar uma resposta mais profunda e mais minuciosamente documentada da questão.

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2. Livros de ficção que trazem movimentos sociais e revoluções reais ou inventadas

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Sessenta e duas mil repetições fazem uma verdade.
(Aldous Huxley – Admirável Mundo Novo)

Alan Moore e David Lloyd – V de Vingança

Esta pretende ser uma história sobre perda de liberdade e cidadania, em um mundo possível. Encenada em uma Inglaterra de um futuro imaginário que se entregou ao fascismo, procura capturar a natureza sufocante da vida em um estado policial autoritário e a força redentora do espírito humano que se rebela contra essa situação. ‘V de Vingança’ tem o intuito de trazer profundidade de caracterizações e verossimilhança a este conto de opressão e resistência.

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Aldous Huxley – Admirável Mundo Novo

Ano 634 D.F. (depois de Ford). O Estado científico totalitário zela por todos. Nascidos de proveta, os seres humanos (precondicionados) têm comportamentos (preestabelecidos) e ocupam lugares (predeterminados) na sociedade – os alfa no topo da pirâmide, os ípsilons na base. A droga soma é universalmente distribuída em doses convenientes para os usuários. Família, monogamia, privacidade e pensamento criativo constituem crime. Os conceitos de ‘pai’ e ‘mãe’ são meramente históricos. Relacionamentos emocionais intensos ou prolongados são proibidos e considerados anormais. A promiscuidade é moralmente obrigatória e a higiene, um valor supremo. Não existe paixão nem religião. Mas Bernard Marx tem uma infelicidade doentia – acalentando um desejo não natural por solidão, não vendo mais graça nos prazeres infinitos da promiscuidade compulsória, Bernard quer se libertar. Uma visita a um dos poucos remanescentes da Reserva Selvagem, onde a vida antiga, imperfeita, subsiste, pode ser um caminho para curá-lo.

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Émile Zola – Germinal

‘Germinal’ é o nome do primeiro mês da primavera no calendário da Revolução Francesa. Ao usar essa palavra como título de seu livro, Zola associa as sementes das novas plantas à possibilidade de transformação social- por mais que se arranquem os brotos das mudanças, eles sempre voltarão a germinar. Um dos grandes romances do século XIX, expressão máxima do naturalismo literário, Germinal baseia-se em acontecimentos verídicos. É um espelho da realidade. Para escrevê-lo, Émile Zola trabalhou como mineiro numa mina de carvão, onde ocorreu uma greve sangrenta que durou dois meses. Atuando como repórter, adotando uma linguagem rápida e crua, Zola pintou a vida política e social da época como nenhum outro escritor. Denunciou as péssimas condições de trabalho dos operários, a fome, a miséria, a promiscuidade, a falta de higiene. Mostrou, como jamais havia sido feito, que o ambiente social exerce efeitos sobre os laços de família, sobre os vínculos de amizade, sobre as relações entre os apaixonados. ‘Germinal’ é o primeiro romance a enfocar a luta de classes no momento de sua eclosão. A história se passa na segunda metade do século XIX, mas os sofrimentos que Zola descreve continuam presentes em nosso tempo. É uma obra em tons escuros. Termina ensolarada, com a esperança de uma nova ordem social para o mundo.

Émile Zola Germinal

Erico Veríssimo – Incidente em Antares

É 11 de dezembro de 1963. Greve geral em Antares. O fornecimento de luz é interrompido, os telefones não funcionam mais, os coveiros encostam as pás. Dois dias depois, uma sexta-feira 13, sete pessoas morrem – entre elas d. Quitéria, matriarca da cidadezinha. Insepultos e indignados, os defuntos resolvem agir – querem ser enterrados. Reunidos no coreto, decidem empestear com sua podridão o ar da cidade. Enquanto ninguém os enterra, porém, resolvem acertar as contas com os vivos e passam a bisbilhotar e infernizar a vida dos familiares.

Erico Verissimo Incidente em Antares

Euclides da Cunha – Os Sertões

Uma comunidade do sertão mais profundo do Brasil enfrenta numerosos batalhões de soldados, recrutados de todos os cantos do país. ‘Os Sertões’ narra os episódios da Guerra de Canudos e descortina um território desconhecido e esquecido, junto com o seu elemento humano.

Euclides da Cunha Os Sertões

George Orwell – A Revolução dos Bichos

‘A revolução dos bichos’ é uma fábula sobre o poder que se propõe a narrar a insurreição dos animais de uma granja contra seus donos. Progressivamente, porém, a revolução degenera numa tirania ainda mais opressiva que a dos humanos.

George Orwell a revolução dos bichos

José Saramago – Ensaio Sobre a Lucidez

Num país imaginário, um fenômeno eleitoral inusitado detona uma séria crise política; ao término das apurações, descobre-se um espantoso número de votos em branco – uma ‘epidemia branca’. Neste romance, José Saramago faz uma alegoria sobre a fragilidade do sistema político e das instituições que governam as pessoas.

José Saramago - Ensaio Sobre a Lucidez

Jung Chang – Cisnes Selvagens: Três Filhas da China

Nosso desconhecimento da China é tão vasto quanto as dimensões desse país, onde vive nada menos que um quarto da humanidade. Neste livro, Jung Chang resgata a saga de sua família, que reflete as turbulências da história chinesa recente. O relato retrocede ao início do século XX, quando sua avó é oferecida como concubina a um poderoso militar. Depois acompanha a história da mãe da autora, que viveu a ocupação japonesa na Manchúria, o governo do Kuomintang, a queda de Chang Kai-chek, a guerra civil e a vitória de Mao.

Milan Kundera – O Livro do Riso e do Esquecimento

Primeiro romance escrito na França por Milan Kundera, ‘O livro do riso e do esquecimento’ é uma narrativa entrecortada de erotismo e imagens oníricas. Em sete partes aparentemente autônomas, o autor lança um olhar sobre o cotidiano da República Tcheca após a invasão russa de 1968 – as desilusões da juventude, a desorientação dos intelectuais, a prepotência dos líderes políticos. Kundera articula o destino individual dos personagens e o destino coletivo de um povo, a vida ordinária de pessoas comuns e a vida extraordinária da História.

Milan Kundera - O Livro do Riso e do Esquecimento

Ray Bradbury – Fahrenheit 451

Numa época em que os livros são uma ameaça ao sistema, Guy Montag sente-se incomodado com o poder vigente e tenta mudar a sociedade para encontrar sua felicidade.

Ray Bradbury - Fahrenheit 451

Suzane Collins – Jogos Vorazes

Constituída por uma suntuosa Capital cercada de 12 distritos periféricos, a nação de Panem se ergueu após a destruição dos Estados Unidos. Como represália por um levante contra a capital, a cada ano os distritos são forçados a enviar um menino e uma menina entre 12 e 18 anos para participar dos Jogos Vorazes. As regras são simples – os 24 tributos, como são chamados os jovens, são levados a uma gigantesca arena e devem lutar entre si até só restar um sobrevivente. O vitorioso, além da glória, leva grandes vantagens para o seu distrito. Quando Katniss Everdeen, de 16 anos, decide participar dos Jogos Vorazes para poupar a irmã mais nova, causando grande comoção no país, ela sabe que essa pode ser a sua sentença de morte. Mas a jovem usa toda a sua habilidade de caça e sobrevivência ao ar livre para se manter viva.

Suzane Collins - Jogos Vorazes

Victor Hugo – Os Miseráveis

Narrando fatos que se estendem da derrota francesa na Batalha de Waterloo, em 1815, aos levantes antimonarquistas de junho de 1832 em Paris, Victor Hugo procurou criar uma obra que fosse ao mesmo tempo um drama romântico, uma epopeia, um documento histórico, um ensaio filosófico, um tratado sobre ética e um estudo sobre literatura e linguagem. ‘Os miseráveis’ apresenta reviravoltas de seu enredo e carisma de seus personagens. Como o criminoso Jean Valjean e sua jornada desesperada em busca de redenção. Ou a explorada e prostituída Fantine e sua filha Cosette. Ou ainda o pequeno Gavroche, filho de um lar desajustado que foge de casa para viver nas ruas.

Victor Hugo - Os Miseráveis