Maconha: viagem sem volta?

Para começo de conversa, afirmo: esse texto não é imparcial e nem precisa sê-lo. E você, que está lendo, provavelmente é um viciado. Café, Coca-Cola, trabalho, sexo, futebol, chocolate, internet, celular, PlayStation, novela, séries, cinema francês… E a lista continua.

E que tal um baseado? Ai a conversa muda por completo e qualquer espertinho vem logo dizendo que não tem comparação, que eu devo estar ficando maluco e que os meus neurônios devem estar quase no zero. Previsível.

E se eu te disser que dá no mesmo, que as pessoas se entopem de Rivotril e comida industrializada, ou gastam os dias dentro dos seus apartamentos minúsculos ou escritórios barulhentos, com chefes insuportáveis?

Uns fumam maconha e gostam. Jargões como “viagem sem volta” e que a maconha é a “porta para outras drogas” são ditos centenas de vezes aos jovens, principalmente pelas mães caretas que tem o coração maior do que o mundo — conselho de mãe eu até entendo.

O que eu não engulo é o discurso chato, batido, de que o usuário é um perdido, não tem futuro e logo estará por ai, cometendo furtos para saciar seus vícios. E as mães, coitadas, mal sabem que os filhos estudam com professores barbudos, desligados de deus e de tudo, que fumam aos domingos para aliviar a pressão.

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E nem vou falar dos números, dos fatos, não vou citar depoimentos longos, nem nada parecido. A vida, essa sim não tem volta. É um tempo muito escasso para encontrar o equilíbrio, discutir o certo e o errado (dogmas, no fim das contas).

E se você ainda pensa que a maconha é um problema, que não é legal e que não vale a pena, lembre-se: todo mundo tem direito de ferrar a própria vida.