Magia ao Luar: mais um adorável de Woody Allen

O novo filme de Woody Allen é um daqueles que encantam pela leveza. “Magia ao Luar” conta uma história do final dos anos 20, e em vários aspectos se assemelha realmente a uma produção de tal época.

Colin Firth é Stanley Crawford, um inglês que ganha a vida realizando performances sob o nome artístico de Wei Ling Soo, um talentoso ilusionista chinês. Durante sua estadia em Berlim, reencontra um velho amigo do mesmo ramo que pede sua ajuda para desmascarar uma suposta médium que vinha há algum tempo impressionando uma rica família francesa. Ambos partem então para o sul da França, onde Stanley faz de tudo para desmentir as façanhas de Sophie (Emma Stone), a bonita moça que afirma ter dons de vidência e que a cada demonstração de suas aparentes ligações sobrenaturais, busca persuadir o cético mágico a respeito da veracidade de seus poderes.

Stanley permanece convicto da desonestidade de Sophie por algum tempo, mas por fim, algumas dúvidas começam a rondar a mente niilista do personagem à medida que este cede aos surpreendentes talentos de Sophie: “Será que existe algo além da vida? Do corpo físico? Será que consistência da ignorância humana é tão maciça quanto bloco de concreto?”, são perguntas que surgem em sua teimosa cabeça.

magia ao luar - woody allen

O resultado disso é que, em um momento de epifania, o mágico descobre que uma vida sem mistérios é, de certa forma, sem propósito. Logo ele, que ganhava a vida com truques ilusionistas, via o mundo com os olhos de quem há muito tempo é descrente a respeito da magia dos sentimentos e da natureza. Sophie vem lhe trazer um novo mundo de possibilidades, um mundo em que o desconhecido é excitante, a intuição supera a razão e onde a vida não termina no último suspiro.

O filme propõe um confronto entre o empirismo e racionalismo, entre a fé no que é inexplicável e o apego ao que nossos sentidos podem de fato reconhecer e compreender.

Tecnicamente falando, “Magia ao Luar” não surpreende como um todo, mas surpreende nos detalhes, no cuidado dispensado a cada cena, cada expressão e cada fala. Os trejeitos estereotipados de Sophie, o humor sarcástico, a montagem das cenas, os figurinos, cenários… tudo mais nos remete a uma produção de outros tempos. O filme em si é uma viagem ao inicio do século XX, com uma sucessão de paisagens lindas, personagens caricatos e diálogos cheios de ironias que arrancam muitas risadas.