Novas eleições, velhos discursos

“Eu, se eleito for, farei pela saúde, pela educação e pela segurança pública”. É esse o tripé em que se baseia o velho e carcomido discurso político brasileiro, sem inovar absolutamente nada, incorrendo em erros do passado. De quatro em quatro anos as figurinhas mudam (ou não), mas os problemas continuam os mesmos.

É de conhecimento geral que a Educação no Brasil não é das melhores, que a violência é uma constante no dia-a-dia e que os serviços de Saúde Pública estão sucateados ao máximo. O que surpreende é a habilidade política de repetir velhos discursos e negligenciar a sua total incapacidade de encontrar soluções — supondo que os políticos tenham real interesse em contribuir para o desenvolvimento social.

Pawel Kuczynski
Ilustração: Pawel Kuczynski

Aqueles que destoam da tradicional abordagem o fazem de maneira surreal: pregam a redução da maioridade penal, maior investimento na polícia e exército, criminalização das drogas, além de outras propostas de caráter homofóbico e preconceituosas.

Escolher entre um candidato e outro é tarefa das mais complexas, realizada quase sempre pelo princípio da exclusão: vota-se no “menos pior”. As propostas de governo são padronizadas, inexistindo grandes diferenças entre os diversos partidos, o que nos leva até mesmo a questionar a existência da esquerda e direita, como polos opostos. São políticos, e só.

Trata-se de um círculo vicioso e, como no livro A Revolução dos Bichos, de George Orwell, aqueles que ascendem ao poder logo “se esquecem” dos princípios e premissas que outrora foram estabelecidos, deturpando o sistema e perpetuando as injustiças.