O Brasil atrás das grades e a educação (ou a falta dela)

A cada ano que passa mais apenados são amontoados nas celas. Mas esse aumento inextinguível traz mais segurança para o país? O portal de informações jurídicas Direito Direito realizou uma pesquisa e fez um infográfico detalhado sobre a situação carcerária do país (no fim do texto).

O Brasil possui a 5ª maior população geral no mundo, mas quando se trata de população prisional está ainda à frente. É o 4º país, atrás apenas de Estados Unidos, China e Rússia, porém o que mais cresce no mundo, 350% é o crescimento da população em penitenciárias brasileiras nos últimos 20 anos.

A maioria dos presos são os populares “ladrões de galinha”, encarcerados por pequenos roubos ou pequena participação em tráfico de drogas. Em suma, pessoas de comunidades pobres e com escasso grau de instrução. É nítido perceber que, a julgar pelo nível de escolaridade dos presos, em vez de manter a política de varrer a sujeira para baixo do tapete poderia haver a política da prevenção.

Ensino superior – 1,08 %
Ensino médio – 17,35%
Ensino fundamental – 53,67%
Alfabetizados – 11,36%
Analfabetos – 5,13%

Ou seja, 70% da população carcerária do país é composta por pessoas que abandonaram a escola antes do término do ensino médio (isso quem chegou até lá). Possuímos a 4ª maior população carcerária do planeta e estamos em 88º no ranking mundial de educação. Intrigante, não?

Outro detalhe comprova que a criminalidade está ligada não só à falta de educação, mas à falta dela na juventude, sobretudo. Afinal, não é por acaso que 49,02% da população carcerária se enquadra em uma faixa etária entre 18 e 29 anos.

Abaixo um outro gráfico encontrado para mostrar como o país preocupa-se mais em construir presídios para remediar (erroneamente) do que escolas para prevenir.

Mais um gráfico mostrando o quanto o Brasil gosta de “investir” em presídios. Os dados são referentes ao Estado do Ceará.

“A justiça tarda, mas não falha”

O maior disparate dos ditados populares se relacionado ao Brasil. De acordo com o gráfico, 30% do total de apenados ainda não foram condenados, nem sequer em primeira instância. São 173 mil presos provisórios. Alguns terão penas altas, outros serão soltos prematuramente após 9 meses, como Carlinhos Cachoeira.

Crimes mais comuns

Um dado significativo é o motivo do encarceramento. 365 mil presos estão incriminados por tráfico de entorpecentes e crimes patrimoniais como furto, roubo e estelionato. Essa estatística comprova a teoria de que quem paga no Brasil é realmente o “ladrão de galinha”. Condenados por crimes contra a pessoa estão 11,78% do total de presos. Entretanto, segundo o mesmo infográfico, apenas 8% dos homicídios ocorridos no Brasil são solucionados. OITO! É muito pouco. Faça esse teste: Peça uma pizza com alguém e divida-a em duas partes, 8% para você e 92% para a outra pessoa. Você verá o tamanho da pizza que sobrará. A expressão “vai dar em pizza” nunca fez tanto sentido.

Com a realidade dos presídios do país, basta um deslize para ter o crime para sempre em seu estilo de vida. Muito longe de proporcionar condições de reabilitação à sociedade, a prisão oferece um caminho sem volta. Por exemplo, 125 mil presos estão em cárcere devido ao tráfico de drogas. Entretanto, ao menos nos estados do Rio de Janeiro e Distrito Federal, o perfil do apenado por tráfico é de réu primário, preso sozinho e sem ligação com o crime organizado. Ou seja, há um número considerável de presos que, por serem pobres e usuários de drogas, foram enquadrados como traficantes. O resultado é visto no cotidiano, a pessoa sai da cadeia transformada e com emprego garantido no mundo do crime, o que antes não acontecia e, talvez, se não ocorresse a prisão, jamais tivesse acontecido.

A prisão acaba se tornando um gasto inútil para o governo. Não há sentido em aumentar o contingente de presos enquanto a criminalidade também cresce. Está na hora de o governo investir na escola pública da educação e não na escola pública do crime.

Veja o infográfico e faça sua análise:

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