O povo vale mais do que uma bandeira política

Foto: La Parola
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Tenho visto que muitas pessoas deixam de participar de manifestações públicas por causa do forte apelo partidário de uma parcela da população. Os partidos que hoje protestam, ontem estavam no poder sendo alvos das mesmas críticas. Ou, ainda, nunca chegaram ao poder. Caso um dia um de seus representantes sente na cadeira tão cobiçado do poder Executivo, pouco poderá fazer. O “novo jeito de governar” proposto em campanhas é uma falácia. A administração atual de Passo Fundo se escorou nesse slogan, por exemplo.

Eu gosto da utopia e utopia para mim é um sistema político sem partidos, com governantes querendo fazer o bem para o povo e não querendo ferrar com os concorrentes. Está provado, salvo raras exceções, que qualquer representante, independente do partido, quando assume o poder, se torna farinha do mesmo saco, um escravo do sistema político viciado, falido e de merda do Brasil. Se a pessoa for correta demais não faltarão políticos com potencial de destruir essa imagem pública tão cândida. Isso que é utopia. Pensar que um único partido político mudará a sociedade vai além do utópico. É ingenuidade.

A prerrogativa da democracia defende que em qualquer manifestação pública pessoas se manifestem não só por meio de palavras e ideias como por meio de bandeiras, cartazes, flâmulas e adesivos, partidários ou não. Sendo um ato público, não há motivo de proibir essa partidarização de uma parcela do quórum. Certo? Certo. E essa é a defesa argumentada por essa mesma parcela que não quer dar o braço a torcer.

Enquanto isso, em Passo Fundo

Por que digo isso? Bom, em Passo Fundo existe um grande movimento pela revogação do aumento das passagens. Ainda que boa parte das pessoas que iniciaram o movimento sejam filiadas a partidos políticos de oposição ao governo, cabe lembrar que o movimento é feito por um bem maior que mera ideologia, é feito pelo povo. E o povo é maior do que qualquer bandeira. O povo possui diferenças, inclusive ideológicas. E o movimento popular só crescerá se essas diferenças forem respeitadas e não combatidas.

II ato contra a revogação do aumento das passagens foto la parola (11)

Não é “achismo”. É conversando com amigos, lendo comentários na internet e ouvindo pessoas na rua que percebo que uma parte da população deixa de participar deste belo ato por causa de meia dúzia de bandeiras políticas. Aí as pessoas que erguem essas bandeiras falam assim:

“É um movimento democrático. Temos que nos unir independente de partido político”

Esse é o ponto. Independente de partido político. A democracia permite que você vá a um manifesto e erga qualquer bandeira, seja do PT, PSTU, PSDB, PSOL, PMDB ou da PQP. Mas essa liberdade, não podemos negar, afasta muitas pessoas que estão (ou estariam) unidas pela mesma causa.

Não foi uma, nem duas pessoas que deixam de participar por causa da intensa participação partidária. Por que é que as pessoas que erguem a bandeira do partido não escutam mais o povo? Por que não deixam suas ideologias em casa para que a ocupação popular seja maior nas ruas? Orgulho? Por que é um ato “democrático”? Teimosia? Deixando a tão amada bandeirinha em casa o movimento só tende a ganhar, tendo total apoio daqueles que não se identificam com partido nenhum.

La Parola acompanhou três grandes manifestações públicas contra o aumento das passagens em Passo Fundo. Os atos foram todos pacíficos, organizados e muito bonitos. Sem dúvida esse é um motivo de orgulho (no bom sentido) para todos os participantes. Porém, os atos podem ser mais, podem ser melhores e podem ser maiores.

Para finalizar, uma pequena parte de uma entrevista de Luciano Azevedo durante a campanha eleitoral concedida no RBS Notícias:

“[…]Segundo: Nós vamos desafogar o trânsito da Avenida Brasil com obras e com sinalização. Terceiro: Vamos valorizar e qualificar cada vez mais o transporte coletivo e o transporte alternativo[…]”

Se valorizar significa ser mais caro, o prefeito está cumprindo sua promessa. Vamos aguardar. Estou ansiosamente esperando pela qualificação, mas isso não significa que usarei transporte coletivo pelo preço que está. Nem ninguém que tenha carro próprio. Cuidado, prefeito. Talvez o engarrafamento que você enfrenta diariamente tenha uma parcela de culpa em suas costas.

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