O realismo das paisagens ilustradas por Zaria Forman

Algumas imagens que você verá abaixo poderão parecer fotografias, constatação fácil de fazer a olhos leigos ou pouco atenciosos. O fato é que todas estas paisagens são resultados da mente e das mãos da norte-americana Zaria Forman.

A inspiração da artista, segundo ela mesmo conta, surgiu nos primeiros anos de sua infância devido às constantes viagens familiares. Filha de uma fotógrafa, logo cedo Zaria conheceu lugares remotos e paisagens deslumbrantes, temas prioritários no trabalho de sua mãe.

O trabalho de Zaria já foi exposto em dezenas de galerias de arte em todo o globo. A artista costuma segmentar seus desenhos por locais visitados, como é o caso das séries Israel, Nosara, Svalbard, Maldives e Greenland 2012.

Zaria Forman (1)

Paisagens são, de longe, as especialidades de Zaria Forman, mas a artista sabe fazer mais do que isso. Em 2012, teve dez ilustrações selecionadas para compor a cenografia do espetáculo de balé clássico Giselle, exibido na Suíça. O reconhecimento do trabalho da artista também foi parar na série House of Cards, exibida no Netflix e dirigida por David Fincher. Dez ilustrações de Zaria – algumas que vocês poderão ver abaixo – foram usadas como decoração nos cenários.

Israel

A série de Israel foi inspirada na costa de Tel-Aviv. Quando viajei para lá em 2009, fiquei fascinada com as águas do Mediterrâneo, muito mais saturadas e com ricos tons, transparentes e luminosas ao mesmo tempo. Aceitei o prazeroso desafio de capturar este rico contraste, pintando a areia dourada e seu reflexo com um suave material pastel. A espuma do mar foi criada em camadas para evocar a borbulhante essência da onda.

Zaria Forman Israel (1) Zaria Forman Israel (2) Zaria Forman Israel (3)

Nosara

O mar nunca para; de um momento para o outro sua composição muda completamente. Eu tento evocar este movimento em meus desenhos. Eu vejo a água como uma metáfora para a vida – em constante transformação, ao mesmo tempo assustadora e linda. Em Nosara, Costa Rica, deixei minha câmera sobre o Oceano Pacífico para capturar imagens das impetuosas ondas. Ao criar desenhos com material pastel em larga escala, como estes, costumo desenhar a partir da memória, das fotos feitas e da inspiração de artistas como Clifford Ross e Robert Longo.

Zaria Forman Nosara (1)Zaria Forman Nosara (2)

Svalbard

Meus estudos da luz do Ártico continuaram em 2008 e 2010 quando viajei a Svalbard, um frio porém impressionante arquipélago na Noruega. Raros foram os casos onde o sol rompeu a espessa camada de nuvens que persistiam no céu. Um destes momentos aconteceu durante uma viagem de quatro dias de barco, de Longyearbyen até Ny Olesund, uma base internacional de pesquisa científica a aproximadamente 400 milhas do Polo Norte. Como viajamos de barco, as altas ondas sacudiam com vigor nosso barco, enquanto radiantes raios de sol iluminavam as negras ondas, transformando um cenário tumultuoso em uma sensação de serenidade. São momentos como estes que me inspiram a desenhar.

Zaria Forman Svalbard (3)Zaria Forman Svalbard (1)Zaria Forman Svalbard (2) Zaria Forman Svalbard (4)

Greenland 2012

Em agosto de 2012, fiz uma expedição ártica até a costa noroeste da Groenlândia. Chamada de “Chasing the Light”, esta foi a segunda expedição cuja a missão era criar inspirada nesta dramática geografia. A primeira, em 1869, foi liderada pelo pintor americano William Bradford. Minha mãe, Rena Bass Forman, foi quem teve a ideia da viagem, mas não viveu o suficiente para isso. Durante os meses de sua doença, sua dedicação à expedição nunca foi hesitada e eu prometi realizá-la.

Estes desenhos foram inspirados nesta viagem. Documentando as mudanças climáticas, a obra aborda o conceito de “dizer adeus” em escalas globais e pessoais. Na Groenlândia, espalhei as cinzas de minha mãe no meio do gelo derretido.

Sou profundamente grata pela talentosa equipe de artistas, estudantes, capitães de Wanderbird e a tripulação por terem me ajudado a carregar as cinzas de minha mãe e realizar seu sonho.

Uma porcentagem de todas as vendas dos desenhos da Groenlândia irão para o 350.org.

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Maldives

Continuando a história do derretimento polar, a principal causa do aumento do nível do mar, segui o degelo do Ártico até o Equador. Passei o mês de setembro de 2013 nas Maldivas, o menor país do mundo, coletando material e inspiração para criar um trabalho que celebrasse e representasse uma nação que poderia estar inteiramente submersa neste século. Dois premiados artistas que participaram da expedição na Groenlândia comigo estiveram também esta aventura: A pintora Lisa Lebofsky e a cineasta e atriz Drew Denny.

Durante nosso mês nas ilhas, compartilhamos o conceito do projeto com crianças nativas, convidando-as para documentar sua terra natal e sua transformação ao longo da vida.

Espero que meus desenhos sensibilizem e convidem as pessoas a compartilharem a urgência da situação das Maldivas de uma maneira produtiva e esperançosa. Acredito que a arte pode ajudar a criar uma profunda compreensão das crises, ajudando-nos a encontrar sentido e otimismo em meio a inconstantes paisagens.

Uma porcentagem de todas as vendas dos desenhos das Maldivas a irão para o 350.org.

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