“Felicidade é que nem fumaça de charuto, uns não se incomodam, outros ficam putos”, escreveu o poeta Makely Ka no livro “Ego Excêntrico”. E acertou na mosca, felicidade é assim: uns não se importam e outros mordem os lábios — de inveja.
É bem verdade que felicidade é coisa incerta. Uma criança brincando de esconde-esconde, uma menina ganhando a boneca mais desejada do momento (aquela que ela vai mostrar para todas as amigas durante o chá das seis), um trabalhador assalariado recebendo o pequeno salário ao final do mês.
Tudo muito relativo. A felicidade está em tudo que a gente desejar e não está em lugar algum. É um ideal e não uma substância palpável. E pode ser apenas um momento. Sim, felicidade é coisa passageira. Difícil ser feliz o tempo todo. Pensando bem, felicidade nunca dura muito.
Tem a felicidade que ninguém vê e a felicidade que transborda. Felicidade em encontrar um amigo da infância e reconhecê-lo no primeiro instante. Felicidade em ler aquela velha carta de amor que nem sequer foi entregue. Nostalgia às vezes se confunde com felicidade.
Mas por que é que felicidade incomoda? Isso eu não sei dizer, tenho algumas suspeitas. Em primeiro lugar, somos invejosos. Queremos ter o que o outro tem e viver como o outro vive. E felicidade é um desses sonhos de consumo universais, todo mundo quer. E em segundo lugar, sei lá, a gente vive em função de ser feliz.
Oito ou oitenta. Felicidade é isso, ou não.