Em 2012, uma polêmica reintegração de posse no Brasil teve repercussão internacional. Foi a desoupação da favela do Pinheirinho, em São José dos Campos, São Paulo, lar de mais de 6 mil pessoas. Uma ordem judicial estabeleceu que os moradores, que ocupavam a área desde 2004, fossem despejados.
A desocupação aconteceu com confronto entre moradores e a polícia. Mais de 1.700 famílias que moravam no local resistiram – enquanto possível – à ação que envolveu cerca de 2 mil homens da tropa de choque da PM.
Na resistência, foi criada a “Tropa de Elite”, um exército improvisado formado pelos moradores da favela. O pelotão equipou-se com restos de tambores, coletes de compensado, caneleiras de tubos de PVC, capacetes de moto e outros materiais para resistir à ocupação. Apesar da luta, os moradores acabaram sendo despejados.
A ação truculenta recebeu críticas. E o episódio entrou para história recente do estado de São Paulo. Algumas casas foram destruídas antes da retirada dos pertences, moradores foram feridos e inúmeras denúncias a respeito da ação foram registradas.
Três anos após o ocorrido, os moradores ainda não receberam o prometido. Ganham 500 reais de auxílio-moradia e aguardam a concretização das novas casas no Conjunto Habitacional Pinheirinho dos Palmares, que só deve acontecer em 2016.
O coletivo Trëma resgatou o episódio e trouxe o assunto à tona mais uma vez. Em um ensaio fotográfico, reuniu membros da Tropa de Elite e fotografou-os com e sem as “armaduras” utilizadas no confronto. Algumas eram ainda originais, outras, porém, foram reconstituídas, uma vez que muito se perdeu com o tempo.
O ensaio, chamado “Tropa de Elite”, e realizado em 2014, recebeu em março deste ano o Prêmio FCW de Arte (fotografia), da fundação Conrado Wessel. Confira o ensaio abaixo com as legendas explicativas escritas pelo Trëma.