A Virada da Contracultura

Uma cultura imperecível como a do rock merece uma cena local forte. Quem começou a frequentar os bares e as festas de rock em Passo Fundo há menos de 6 anos pode não saber/perceber, mas nem sempre foi assim. Para contextualizar a cena local do rock e do underground, chamei o Rodrigo de Andrade A.K.A. Garras, jornalista, historiador, fanático por rock, idealizador do site “Os Armênios”, nerd, extraterrestre e se eu me esqueci de algo, desculpe. Quem me contou tudo o que será discorrido ao longo do texto foi ele.

Voltando no tempo

No final dos anos 90 e início dos anos 2000 havia uma cena underground diferente na cidade. Antes da era da internet, fanzines eram publicados de maneira independente, assim como festas de rock de bandas igualmente independentes. Naquela época havia uma banda considerada mítica para muitos, os Malvados Azuis, que posteriormente se transformaria na Cachorro Grande.

Com a mudança da banda para Porto Alegre a cena local murchou. Um período de cinco anos sem grandes movimentações tomou conta da história do underground de Passo Fundo. Sem incentivo, o pessoal desfrutava de, em média, apenas dois bons shows por ano, sendo quase sempre Cachorro Grande e mais outra banda aleatória. O fato se deve às bandas locais também não produzirem muito material autoral de qualidade, na época, com o cenário sendo dominado por bandas covers.

Em 2006 foi lançado o site “Os Armênios”, um portal com intuito de sacudir a cena underground local, munindo as mentes dos leitores com literatura, quadrinhos, rock’n’roll e tudo relacionado à contracultura. Junto, foi realizado o festival “Armênios On Fire”, um evento diferenciado na cidade. Animado por bandas como Dinartes, Variantes, Locomotores e Pata de Elefante, o evento proporcionou atividades paralelas. Teve mostra de curtas independentes, tenda de vinis e cds, concurso de air guitar, lançamento do livro “A Revolta dos Motoqueiros”, etc.

Dinartes
Dinartes

No mesmo ano teve outros fatos que contribuíram com o ressurgimento da cena de rock local. Eventos como “Mas que rock loucura”, na chácara Farias, “Natal que seja Rock” (evento que já acontecera anteriormente), “Festival Café com Leite” e o lançamento do disco da Rabo de Peixe, banda que se tornou aclamada pelo público local.

Continuando em 2006, no último dia do ano, no famoso reveillon, aconteceu a primeira Virada da Contracultura, algo bem diferente dos reveillons de Copacabana e dos “shows da virada” que passavam na televisão. É essa a história que contarei, em ordem cronológica, na segunda parte do texto.

Léo Fininho tocando com a Rabo de Peixe na 1ª Virada da Contracultura
Léo Fininho tocando com a Rabo de Peixe na 1ª Virada da Contracultura

História da Virada

As primeiras edições da Virada da Contracultura eram mais undergrounds do que hoje. A ideia inicial, brilhante e ousada para as dimensões passo-fundenses, era de manter um climão de “festival hippie”. Aquela coisa de Woodstock, com várias atividades paralelas. Nas primeiras edições, além de decoração característica, havia histórias em quadrinhos malucas ilustrando as paredes da casa. Sim, foi assim que começou a história da Virada da Contracultura, aos arredores de uma casa em uma chácara próxima à Passo Fundo.

2006/2007

O primeiro ano do festival marcou a primeira apresentação da Identidade em Passo Fundo. Mais tarde a banda de Lagoa Vermelha viria mais vezes à cidade, sempre mostrando energia incomparável nos shows. A Identidade, para quem não sabe, é a banda mais Rolling Stones do Brasil. Junto, tocaram Leofininho & Seu Conjunto (nesse caso, a banda de apoio foi a Rabo de Peixe) e Bela Amortecida.

2007/2008

Seguindo os moldes da edição precursora, a Virada no ano seguinte também ocorreu “para fora”. Tocaram as bandas Vapor Veludo, Electric Trip e Kings of Roça, reunião dos irmãos que compõem os atuais Chaise Brothers (Maurício, Rodrigo e Gustavo). O nome é uma alusão a uma das maiores bandas daquele momento, formada basicamente pelos irmãos Followill, os Kings of Leon.

2008/2009

A Virada de 2008 foi um divisor de águas na história do evento. A distância e o alto custo fizeram com que a Virada saísse dos arredores e migrasse para o centro da cidade. Desde então, as casas noturnas de Passo Fundo que dão espaço ao rock começaram a abrigar o evento. No primeiro ano da Virada no centro, houve uma apresentação especial. Uma banda customizada batizada como “Não Contavam com os Pistoleiros”. O grupo continha membros das bandas Nick Lera, Dinartes, Locomotores, Severo em Marcha, Texas Storm e Jardim Fluído. O Independência Rock Bar, finado inferninho do rock local, abrigou o evento.

2009/2010

O evento teve um aumento de público significativo a partir do momento em que veio para o centro da cidade. A quarta edição foi realizada no antigo O Bar, um sensacional reduto boêmio/cultural que, infelizmente, durou muito pouco na cidade. O que aconteceu com O Bar foi uma ideia diferenciada de diversão noturna, porém com uma demanda bastante reduzida a ponto de se tornar um negócio sustentável, mas essa é outra história. Na ocasião, que lotou a casa, se apresentaram Os Impressionistas, Reino Elétron e Rabo de Peixe.

2010/2011

Na quinta edição da Virada, tocaram as bandas Severo em Marcha, Fábrica do General Bonimores e Rabo de Peixe. Neste ano o evento aconteceu no Velvet Bar. A, atualmente, General Bonimores é uma das principais bandas da cena local, com frequentes apresentações pela região.

“Baixou um disco voador na Velvet no show deles” (Rodrigo de Andrade sobre o show da Severo em Marcha)

2011/2012

A última Virada, até então, aconteceu no mesmo local da próxima, no bar Siri Cascudo. Subiram aos palcos a Severo em Marcha (novamente) e a John Filme, de Chapecó, que segundo os organizadores impressionou tanto o público que até hoje há um pessoal pedindo o retorno da banda à cidade.

 

E este ano?

Para encerrar o ano de 2012, a Virada da Contracultura será sediada novamente pelo Siri Cascudo. Subirão aos palcos as bandas Dinartes e Le Rockersons. Detalharemos.

Le Rockersons: Banda cover formada este ano em Passo Fundo. Com um repertório mesclado entre rock e indie, tem tido uma aceitação impressionante por parte do público. A Le Rockersons é composta por Rafael Alam (guitarra/vocais), Thiago Peruzzo Gonçalves (guitarra/vocais), Johnatan Ritter Fassio (baixo) e Jeferson de Conto (bateria).

Dinartes: O trio Rodrigo Chaise (guitarra/vocais), André Zitto (bateria/vocais) e Alcemar Pitágoras (baixo/vocais) volta aos palcos após um ano. Com vários hits na região como “Sai fora xaropão” e “Clubinho”, a banda deverá mostrar todo o seu potente material autoral e provavelmente tocará na íntegra o disco homônimo lançado em 2008, bem como outras composições lançadas em EP’s.

“Quando estiverem no palco, as músicas irão promover uma reação cósmica no público e o lugar vai vir abaixo. Tenho certeza disso.” (Rodrigo de Andrade sobre o show da Dinartes)

O quê: 7ª Virada da Contracultura

Quando: Dia 1º de janeiro, à 01h da madrugada

Onde: Siri Cascudo (Independência, 389)

Com quem: Dinartes e Le Rockersons

Reserva de mesas pelo telefone: (54) 9934-2404

Ingressos antecipados nos patrocinadores:
1º Lote: R$ 20
2º Lote: R$ 25
Na hora: R$ 30

Patrocínio:
– Pizzaria Di Nápoli
– Nobel da rua General Osório
– Valentine
– Pré-Vestibular Garra
– Guto Escobar Fotógrafo
– Régis Burn Underground
– X Picanha Delivery
– Jamil Magic Bus

Apoio:
– Rádio 99 UPF

Cartaz da 7ª Virada da Contracultura

Siga La Parola:

http://facebook.com/LaParolaOnline
http://twitter.com/LaParolaOnline