Brigitte Bardot: símbolo e inspiração

Com 80 anos recém completados, Brigitte Bardot é possivelmente um dos maiores ícones de beleza mundiais. Ela figura ao lado de Marilyn Monroe como uma das mulheres mais belas que já existiram, mas ao contrário da loira norte-americana, a loira francesa sempre estimulou a beleza natural, livre de opressões da moda e da estética.

Bardot estourou para o mundo da fama em 1957, quando protagonizou o filme polêmico “E Deus criou a mulher”, produzido por seu primeiro marido, Roger Vadim. Nas telonas ela chamou a atenção e logo conquistou o coração de homens e mulheres que a desejavam ou viam nela um exemplo a ser seguido. Seu nome sempre causou histeria na imprensa mundial em razão de sua popularidade. O livro com sua biografia, escrito por Marie-Dominique Lelièvre, tem sido uma das sensações das livrarias mundiais.

femme fatale

O início da “Bardot mania”

Atriz francesaO furor pela estrela francesa não é recente e está longe de terminar. Ainda na década de 60, surgiu nos Estados Unidos o termo “Bardot mania”, que qualificava toda a adoração que as pessoas de todas as idades nutriam pela atriz e cantora. Foi ela quem lançou o estilo de cabelos loiros, longos e soltos – tudo ao mesmo tempo, um verdadeiro furor no estilo reto e curto que estava nas ruas. Sem dúvida, ela foi a maior imagem de femme fatale europeia, mudando para sempre a maneira de representar o feminino na sétima arte.

Desde criança, Brigitte já mostrava que seguiria os passos para as artes. Em 1947, aos 13 anos, ela entrou para o Conservatoire National Supérieur de Musique et de Danse de Paris (Conservatório Nacional de Dança e Música de Paris), onde aprendeu balé clássico e continuou sua prática por 12 anos.

Quem vê a imagem da bela pode perceber que até sua maneira de andar possui algo especial. Logo, vê-la fazendo trabalhos de moda não seria uma surpresa. Em 1949, com o apoio e incentivo de sua mãe, Anne-Marie Bardot, ela começou sua carreira na área, com apenas 15 anos. Em 1950 ela já era capa da revista Elle francesa, o que chamou a atenção de RogerVadim – cineasta e seu futuro marido. Com indicação de Vadim, ela foi selecionada para um papel no cinema. O filme nunca foi rodado, mas isso foi o bastante para que começasse o flerte da jovem com o cinema.

Das passarelas para as telas

loira cinemaAos 17 anos, Brigitte estreou nas telonas com “Le Trou Normand”, um filme francês lançado em 1952 – ano em que se casou com Roger Vadim, após 2 anos de namoro, contra a vontade de seu pai, Louis Bardot. Ela contrariou também seu pai ao estrelar uma polêmica cena em seu segundo filme, “Manina, fille sans voile”, na qual aparecia de biquíni (nem mesmo Marilyn Monroe havia chegado tão longe em sensualidade, até então!). O Sr. Bardot chegou a recorrer à Justiça Francesa para impedir que o filme tivesse essa cena, mas não obteve sucesso. Ponto para os fãs da garota, que já estava conquistando o mundo.

Entre 1952 e 1957 ela fez nada mais que dezessete filmes. Todos eram dramas românticos ou históricos, como Helena de Troia, mas apenas um obteve grande sucesso entre o público e a crítica. Aliás, subestimada por eles, Brigitte Bardot foi escalada para ser protagonista de “E Deus Criou a Mulher”, ao lado de Jean-Louis Trintgnant, ator sensação da época. O filme causou um escândalo mundial por causa do enredo: a história de uma adolescente amoral numa pequena cidade conservadora do litoral francês. Isso foi o suficiente para ser um sucesso de bilheteria e colocar Bardot como uma das atrizes francesas de maior sucesso fora da França.

Condenado pela Liga da Decência Católica, o filme foi proibido em alguns países, o que fez com que cada vez mais pessoas se interessassem pela estrela. Depois de tanta polêmica, a cena em que ela dança descalça sobre uma mesa foi considerada ainda uma das mais sensuais da história do cinema. Em 1963 ela lançou seu primeiro álbum, entrando com sucesso no mundo musical.

Sua carreira foi recheada de celebridade e polêmica até o momento em que resolveu se despedir da fama. Para isso, ela fez parte de uma das cenas mais polêmicas da época: uma das primeiras cenas eróticas homossexuais do cinema, ao lado da atriz Jane Birkin, no filme “Don Juan” (1973). Porém, todo o assédio da mídia já a havia cansado muito e ela passou a fugir dos holofotes. No mesmo ano, ela fez seu último filme, Colinnot Trousse-Chemise, lançado apenas em 1974, e anunciou que desistiria da vida pública, largando inclusive a música.

Don Juan

Brigitte e as tendências

Apesar de escolher não seguir as tendências vigentes, Brigitte Bardot sempre serviu de inspiração para a moda. Além de popularizar o biquíni após a cena polêmica de seu filme, ela foi a grande precursora do uso das sapatilhas nas ruas. Devido às suas influências de balé, Rose Repetto – a pedido de Bardot – criou um modelo das tradicionais sapatilhas para ser usado no dia a dia.

Ela também serviu de inspiração para composições de Bob Dylan, Elton John, Caetano Veloso, Tom Zé, e até mesmo para os Beatles Paul McCartney e John Lennon, que assumiu publicamente uma admiração pela musa francesa. Apesar de hoje se dizer contrária ao feminismo, ela pode ser considerada um grande marco para a independência das mulheres. Chamada de devoradora de homens, ela sempre manteve sua liberdade sem se importar com as críticas, e tem uma lista impressionante de ex-namorados e affairs.

ballet

Búzios: o lugar em que a diva foi mais feliz

Para o Brasil, no entanto, a ligação com Brigitte Bardot vai além das telas do cinema ou dos discos na vitrola. No auge do sucesso, em 1964, a atriz visitou o país e foi até a pacata cidade de Búzios, no Rio de Janeiro. A região não tinha nem energia elétrica na época, mas a falta de contato com a imprensa e qualquer forma de assédio fez a atriz se apaixonar pelo local, desejando fazer residência fixa em Búzios.

Quando os paparazzi descobriram o paradeiro da musa, logo o sossego foi interrompido e ela teve de mudar de planos. Porém, a popularidade do lugar só subiu, sendo considerada atualmente a “St. Tropez brasileira”.

Um recente evento na cidade em homenagem ao cinema francês, que tinha como destaque alguns filmes com Bardot, fez que a senhora de 80 anos se pronunciasse pela primeira vez em muito tempo sobre o tempo que passou na vila, que era um subdistrito de Cabo Frio na época. Ela enviou ao prefeito uma carta de próprio punho dizendo que “foi nesta pequena cidade perdida e desconhecida que eu fui mais feliz”.

Búzios deve muito a Brigitte e não tem medo de esconder. Na praia onde ela ficou hospedada construíram uma estátua de bronze em sua homenagem, além de nomearem a região como “Orla Bardot”. O primeiro cinema da antiga vila de pescadores também leva o nome da estrela: Gran Cine Bardot.

Búzios Estátua

Para os fãs que querem ter um sabor do lugar, um tour pela noite da cidade, chamado “Pub Craw”, começa no Hostel e Bar Aldeia da Produção (Rua Manoel Turíbio de Farias, 222) e depois passa por um estabelecimento especial, que além de ser chamado “Bar Brigitte”, tem toda a decoração com móveis retrô, inspirada na época áurea da artista.

Quebrando preconceitos ainda hoje

A artista agora vive em St. Tropez, cidade litorânea francesa. Casada desde 1992 com seu quarto marido, Bernard D’Ormale, ela se dedica com afinco ao ativismo pelo direito dos animais, protegendo desde os pets até os animais silvestres. Mas o que mais chama a atenção é a maneira que ele escolheu para acolher a velhice: sendo fiel ao seu estilo “natural e limpo”, a diva não lutou contra o tempo, mas resolveu recebê-lo sem a intervenção de cirurgias estéticas, com a mesma leveza que esbanjou sensualidade.

direitos dos animais