Prato comestível é desenvolvido por estudante iraniano

pratos comestíveis

– Tô morrendo de fome, sou capaz de comer até três pratos no almoço.
– E desde quando se come prato, guri? O certo é dizer “servida”. Comer até três servidas.
– Não, é prato mesmo, prato comestível…

A arte de lavar a louça é uma tarefa milenar. É desempenhada por pessoas que moram sozinhas e não possuem máquina de lavar, por pessoas que são pagas para isso, por pessoas  que estavam só observando enquanto outros cozinhavam (o tradicional “quem não cozinha, lava”), por pessoas que recém chegaram no exterior e arrumaram um emprego provisório qualquer ou outra variável. Tem gente que lava até por “terapia”. De fato, já rolou. Mas vamos pensar um pouco:

E se não houvesse louça? E se todos os copos fossem iguais aos de amarula e todos os pratos iguais a casquinhas de sorvete?

Quem está querendo tornar realidade essa hipótese é o iraniano Saeed Rahiminejad, estudante de design industrial. Saeed é jovem, tem 26 anos e provavelmente lavou muito menos louça do que metade da população. Mesmo assim, está disposto a mudar essa tradição milenar – ao menos em partes, já que fabricar panelas comestíveis deve ser um pouco mais complicado. As causas são nobres e vão além da vadiagem.

louça suja pia cozinha
“Se eu pudesse transformaria toda essa louça em mais comida…”
Foto: Jeffrey Pomranka / Flicker

Batizado como Bake.A.Dish, o forno fabrica tigelas e pratos comestíveis de até 40 centímetros de diâmetro e que podem servir de armazenamento para vários tipos de alimentos, incluindo iguarias líquidas e quentes, como sopas.

Com isso, o estudante foi premiado pelo laboratório de design da Electrolux e aguarda agora um grande financiamento para dar continuidade ao projeto.

Mas como se faz isso?

Saeed descobriu um segredo e não o revelou. Conseguiu construir uma máquina de fazer pratos de farinha e água, sem que amoleçam com o calor dos alimentos. Ademais, é possível personalizá-los de acordo com as necessidade de cada dieta, controlando a quantidade de fibras e carboidratos na alimentação.

As possibilidade são infinitas e tudo que você precisa é de farinha e água. O primeiro pensamento que vem à mente sobre o pão-louça é que eles não poderiam suportar líquidos e não seriam fortes o suficiente. Mas eu tenho uma solução para fazer com que o pão sustente qualquer tipo de alimento sem preocupação, embora eu não possa revelar este segredo.

O aparelho pode ser controlado também por um dispositivo móvel. Em um aplicativo é possível definir o tamanho do prato e a quantidade de ingredientes e calorias que farão parte de sua composição.

Bake a Dish Prato comestível (1)

Saeed garante também que a quantidade de água utilizada na fabricação do prato é inferior à quantidade desperdiçada em lavadoras. Isso torna o Bake.A.Dish – além de por natureza já ser MASSA (não façam o trocadilho) – uma alternativa sustentável. A propósito, a energia necessária para assar os pratos é gerada por meio de painéis solares.

Sobre o sabor? Não sei, mas se tiver como deixar o gosto parecido com o de casquinha de sorvete ou de pão caseiro será sucesso certo.

Coda

Ao saber dessa ideia lembrei de uma história. Um amigo meu, lá na metade da década passada quis fazer vestibular em outra cidade só pra sair da casa dos pais e morar sozinho. Com dezessete anos já estufava o peito e dizia “não dá mais, morar com os coroas é foda”.  O que ele não sabia, na época, é que mais foda era ter que lavar a louça. Na verdade não é, mas pra ele parecia ser. Era tão de apartamento que pra não ter que lavar a louça na água fria durante o inverno servia o miojo em pratos descartáveis. Às vezes ele esquecia de comprar pratos, então servia a janta sobre uma toalha de papel. Dedico este texto a ele.